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A Cidade /
Conde do Pinhal

Tenente-Coronel Antonio Carlos de Arruda Botelho,
Conde do Pinhal

Nasceu o Conde do Pinhal em Piracicaba a 23 de agosto de 1827 e faleceu em sua fazenda do Pinhal, Município de São Carlos em 11 de março de 1901. Casado em primeiras núpcias em 1852, com Francisca Theodora Coelho, falecida em 10 de março de 1862, filha de Frutuoso José Coelho, natural de Portugal, casado com Antonia Silva Ferraz, natural de Piracicaba. Neta materna de Antonio Leme da Silva e Escolástica Pais de Oliveira. Bisneta materna de João da Silva Cerqueira, casado com Maria da Cruz e de Francisco Pais de Oliveira, casado com Antonia Ferraz de Arruda. Casou-se em segundas núpcias, em 23 de abril de 1863, com Anna Carolina de Mello Oliveira, Condessa do Pinhal, filha dos Viscondes de Rio Claro, José Estanislau de Oliveira e da Viscondessa Elisa de Mello Franco, com grande geração (13 filhos), sendo um de seu primeiro casamento.

Terceiro filho do Coronel Carlos José Botelho e segundo Senhor da Fazenda Pinhal, herdada de seu pai. Grande do Império, Barão, Visconde e Conde, Comendador da Ordem da Rosa, chefe do Partido Liberal em São Paulo, Deputado Provincial Geral, Presidente da Assembléia da Província de São Paulo, candidato em lista tríplice senatorial e membro da 1ª Constituinte Republicana Paulista. No período monárquico, foi o Conde do Pinhal, chefe do mais alto prestígio e gozou da absoluta confiança dos governos e da coroa, pois o Imperador D. Pedro II cumulava-o de distinções, não só na intimidade como em publico. Em 1886, o Imperador D. Pedro II, na sua excursão a São Paulo, fez questão de se fazer acompanhar pelo Conde do Pinhal, em plena situação do Partido Conservador, querendo assim demonstrar publicamente a sua estima pelo chefe do Partido Liberal. Foi eleito Deputado em 1882 e tal era o seu prestígio pessoal e político, que o elegeram presidente da Câmara dos Deputados, dirigindo a Assembléia Provincial durante dois anos, em que tomaram parte, Prudente de Morais, Rangel Pestana, Campos Salles, Costa Junior, Martinho Prado Junior, Frederico Abranches, Antônio Prado e outros Conservadores e Republicanos. Em 1885, o então Visconde do Pinhal apresentou um projeto que foi aprovado, destinado ao levantamento de cartas geográficas, topográficas, itinerárias, geológicas e agrícolas da Província de São Paulo. Ao apresentar e fundamentar a proposta, fez o seguinte discurso:

"A Província de São Paulo, aquela que se julga, com razão, a primeira do Império, na senda do progresso material no desenvolvimento da viação férrea e da navegação, que vai sendo explorada do mesmo modo, sente entretanto, uma lacuna para poderem os seus administradores guiar-se nos contratos que tem que celebrar com as diferentes companhias ou empresas, que se propõem a realizar esses melhoramentos. Sabem todos a extensão da Província de São Paulo e quanto de terreno ainda há encoberto, e por assim dizer desconhecido. Devem saber que é justamente nessa parte desconhecida da Província, onde a qualidade das terras se ostenta na maior uberdade, é justamente nessa parte, onde se acha conciliada a uberdade da terra com o clima temperado, primeira condição da nossa principal lavoura, que é a do café. Entretanto, vêem-se os administradores da província embaraçados e embaraçadissímos, porque seus próprios engenheiros também se embaraçam pelo mesmo motivo com a falta de conhecimentos geográficos da província. Há um pedido de privilégio, não se apresenta um mapa, porque não há, e assim vão se contratando, às vezes , serviços, com prejuízo até de direitos adquiridos".

Continuou o discurso com a exposição de motivos claros que justificava o projeto que importava a abertura de um crédito de 50 contos de réis, para serem dispendidos inicialmente com o serviço de levantamento de mapas. O projeto foi dispensado de impressão e aprovado em seguida. São Paulo, a província líder do Império era apenas conhecida geograficamente naquele tempo (1880) até Rio Claro e o estado líder da República, 25 anos depois, era apenas geograficamente conhecido, em 1905, até Bauru. Foi preciso um descendente do Conde do Pinhal, o senador Dr. Carlos J. Botelho, na qualidade de Secretário da Agricultura, Viação e Obras Públicas do Estado de São Paulo, com a sua energia férrea, mandar concluir com sacrifícios de vidas, o levantamento geográfico dessa imensa e rica região desconhecida, habitada pelos índios. (Alta Paulista, Noroeste e Alta Sorocabana).

Em 1888, o Conde do Pinhal foi eleito Deputado Geral. Depois de proclamada a República, o Conde do Pinhal afastou-se da atividade política e foi com esforço que seus amigos o trouxeram de novo para vir colaborar na organização do Estado, fazendo parte da Constituinte como Senador, retirando-se definitivamente da política em 1893.

Espírito adiantado e trabalhador incansável, o Conde do Pinhal quis prolongar a Estrada de Ferro Paulista, de Rio Claro, ponto final, até São Carlos e Araraquara e posteriormente até Jaboticabal, criando os ramais de Jaú, Água Vermelha e Ribeirão Bonito. A empreitada era difícil porque demandava grande capital que precisava ser levantado na zona que deveria ser servida pela nova estrada de ferro. Com o auxílio do seu sogro, o Visconde de Rio Claro, conseguiu o Conde do Pinhal com seu prestígio perante amigos e demais parentes que confiavam em sua ação, (três mil contos de reis) totalmente subscrito, cifra elevada para aquela época de 1880, mais tarde elevada para cinco mil contos de réis. Após noventa dias da publicação do decreto da concessão, nº 7338 de 4 de outubro de 1880, concessão essa, que dava apenas o privilégio da zona, sem outros favores e sem garantia de juros do capital empregado.

Dando começo aos trabalhos de exploração, uma turma de engenheiros tendo sempre ao lado o Conde do Pinhal, rompiam o sertão e no dia 15 de outubro de 1881 foi oficialmente batida a primeira estaca, zero (0) no extremo da estação de Rio Claro, início da Estrada de Ferro Rio Claro, vendida em 1889 à Rio Claro Railway Co. companhia inglesa que por sua vez a revendeu à Cia Paulista de Estrada de Ferro. O primeiro trecho de Rio Claro a São Carlos foi atacado com toda a urgência, sem sacrifícios de custo de construção, ficando em 20 contos o quilômetro, e assim foram vencidos os 72 quilômetros. Em 2 de maio de 1883, um ato governamental autorizava a abertura do tráfego provisório e em 15 de outubro de 1884, o tráfego definitivo. No dia 2 de maio de 1885, a cidade de São Carlos festejava a entrada da primeira composição de passageiros da Estrada de Ferro Rio Claro e em 1886 recebia festivamente em trem especial, tendo à frente de sua locomotiva, sentados em bancos sobre o limpa-trilhos, Sua Majestade D.Pedro II Imperador do Brasil, o Marquês de Paranaguá e o Conde do Pinhal. Em 1889, ao ser vendida a Estrada de Ferro de Rio Claro, o Conde do Pinhal resolveu aplicar uma parte do capital apurado em um Banco, com sede na Capital. Para isso convidou alguns amigos dos mais representativos elementos da cidade e fundou o Banco de São Paulo. Foi a assembléia do Banco presidida pelo Marquês de Três Rios, tendo como secretários o Conselheiro Moreira de Barros e o Dr. Joaquim José Vieira de Carvalho. Em 5 de Outubro de 1889, foi autorizado a funcionar, tendo como primeira Diretoria o Conde do Pinhal como Presidente, cargo que ocupou até a data de seu falecimento em 1901. Entre os acionistas figuravam: Marquês de Três Rios, Barão de Araraquara, General Couto de Magalhães, Dr. José Manoel da Fonseca., Barão de Tatuhy, Barão de Piracicaba, Barão de Jaguará e muitos outros. Abriu e formou várias fazendas de café - em São Carlos: a Fazenda Palmital, Serra, Lobo e Santo Antonio; em Jaú: as fazendas Maria Luiza, Carlota, Sant'Ana, Santo Antonio, Sta Sofia, São Carlos, São Joaquim e Salto do Jaú. Adquiriu em Ribeirão Preto a Companhia Agrícola de Ribeirão Preto com 9 Fazendas, num total de dois milhões de cafeeiros com uma produção anual de mais de duzentas mil arrobas de café beneficiado, fazendas essas ligadas todas por uma pequena estrada de ferro particular. Bem antes da Abolição da Escravidão, já era livre o trabalho agrícola na sua Fazenda do Pinhal, um centro de agricultores alemães.

Fundou em 1856, com a colaboração de seus irmãos Carlos José, João Carlos, Paulino Carlos, Bento Carlos, Joaquim de Meira e seus cunhados Major Rodrigues Freire e Major João Baptista de Arruda e Jesuíno de Arruda (lavrador e contribuinte para a fundação da cidade), em terras da Sesmaria do Pinhal, a cidade de São Carlos.
 

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