Com sessões gratuitas aos sábados, às 20 horas, o Cineclube do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP, em São Carlos, promoverá a seguinte programação no mês de fevereiro de 2018:
3 – UMA AVENTURA NA ÁFRICA
African Queen, Inglaterra, 1951, Aventura, 90 minutos
Direção: John Huston
Elenco: Katharine Hepburn, Humphrey Bogart
Com o advento da Primeira Guerra Mundial, a distante colônia de Dong Ku está sob ameaça de domínio territorial da Alemanha. A chegada das tropas tornou a cidade um lugar perigoso para a missionária Rose Sayer e o irmão, reverendo Samuel Sayer, que é assassinado. Em seguida, o canadense Charlie Allnut aparece e a convida para fugir no African Queen, um pequeno e velho barco e decidem descer o rio Congo, repleto de corredeiras e perigos, e explodir o colossal navio alemão Louisa. Eles esperavam por tudo nessa louca viagem, menos se divertir, engenhosamente resolvendo todas as situações que vão surgindo.
Grande parte do filme foi gravada no lago Alberto, que faz parte dos Grandes Lagos Africanos, e no território conhecido hoje como parte da República Democrática do Congo. A ousadia de John Huston na escolha dos cenários fez de Uma Aventura na África um trabalho singular, eminente e original e, claro, inconveniências como serpentes venenosas, água contaminada, disenteria e malária, que renderam problemas à equipe e material para Katherine Hepburn escrever The Making of the African Queen: Or How I Went to Africa With Bogart, Bacall and Huston and Almost Lost My Mind. Em uma de suas declarações, John Huston mencionou ter contratado nativos, os quais não compareceram à chamada porque recearam que a produção e o elenco fossem canibais.
A obra é divertida e se faz única, entretendo o espectador com humor do início ao fim.
Iago Ribeiro Lisboa
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 10 ANOS
Tema: Expedição
Contém: Consumo de drogas lícitas, presença de armas
10 – DUELO AO SOL
Duel in the Sun, EUA, 1946, Faroeste, 130 minutos
Direção: King Vidor
Elenco: Jennifer Jones, Joseph Cotten, Gregory Peck, Lillian Gish
Durante a expansão do território americano para o oeste, surgiram os chamados mestizos, filhos de índios nativos com brancos europeus. Pearl Chavez é uma mestiza, filha do branco Scott Chavez com uma índia dançarina de boate. Uma noite, Scott pega a esposa traindo-o, e a mata sendo, por isso, condenado a forca. Antes de morrer, Scott envia sua filha para viver na fazenda de sua prima e primeiro amor, Laura Belle, uma mulher fina e educada que recebe Pearl com muito carinho, mas seu marido, o Senador Jackson McCanles, não suporta a presença da sobrinha. O casal tem dois filhos: Jesse, um advogado bem-educado, mas ignorado pelo pai e Lewton, um homem bruto e mau caráter que, ao contrário do outro, é bajulado pelo Senador. Ambos se apaixonam por Pearl, iniciando uma briga entre os irmãos e um conturbado triângulo amoroso.
Uma palavra que pode resumir o filme é “grandioso”. E isso não é de todo um elogio. Produzido por David O. Selznick, o homem por trás de ...E o Vento Levou, o longa dá um show de cenários e fotografia, além de reunir uma constelação de astros da época. No entanto, a história incomoda o espectador, mesmo os mais conservadores, pela estereotipação dos personagens. Não tem como se conformar pela atração que Pearl sente por Lewt, apesar de o mesmo ser sempre agressivo e grosseiro com ela. A única negra no longa, empregada por sinal, é completamente imbecilizada. Enfim, mesmo com esses contrapontos, Duelo ao Sol ainda vale a pena por retratar tão bem a era dos westerns no cinema hollywoodiano.
Por suas atuações, Jennifer Jones, a Pearl, e Lillian Gish, a Laura Belle, foram, respectivamente, indicadas par o Oscar de Melhor Atriz e de Melhor Atriz Coadjuvante.
Felipe Augusto Hencklain
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Conflito amoroso
Contém: Conflitos psicológicos atenuados, violência leve
17 – ENTRE DEUS E O PECADO
Elmer Gantry, EUA, 1960, Drama, 146 minutos
Direção: Richard Brooks
Elenco: Burt Lancaster, Jean Simmons, Arthur Kennedy
Qual a distância entre Deus e o pecado? Para Elmer Gantry, seria difícil responder. Como bom americano, o vendedor itinerante não abre mão das bebidas, das mulheres e, acima de tudo, da religião da qual, através da sua boa eloquência, usa para cativar seus clientes. Em meio as suas viagens, Elmer acaba encontrando a Irmã Sharon Falconer, uma missionária do movimento conhecido como Reavivamento, viajando pelas cidades do interior do Kansas e pregando de uma forma mais descontraída para atrair as pessoas de volta às igrejas. Gantry, com sua lábia, logo se junta ao movimento, onde faz sucesso imediato, mas seu passado insiste em persegui-lo.
O que mais incomoda em Entre Deus e o Pecado, é a falta de um maniqueísmo nos personagens. Apesar de desonestos, eles não são de todo fraudulentos. Da sua maneira, eles realmente acreditam no que pregam, justificando sempre seus atos imorais pelo bem maior da divulgação da palavra de Deus. É impressionante como obras tão antigas se mostram tão atuais, nos chamando a atenção para a hipocrisia que atinge o meio religioso. O longa de 1960 é baseado no livro Elmer Gantry, de 1927.
O filme venceu três categorias no Oscar. Burt Lancaster, um ícone do cinema, levou o prêmio de melhor ator pelo papel de Elmer Gantry. Jean Simmons, como a Irmã Sharon Falconer, personagem baseada em Aimee Mcpherson, fundadora da Igreja Quadrangular, foi considerada melhor atriz coadjuvante. Também recebeu a premiação de melhor roteiro adaptado.
Felipe Augusto Hencklain
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Charlatanismo
Contém: Agressão física, atos criminosos
24 – GILDA
Gilda, EUA, 1946, Drama, 110 minutos
Direção: Charles Vidor
Elenco: Rita Hayworth, Glenn Ford, George Macready
Johnny Farrel é um homem que faz sua própria sorte. O pilantra estadunidense quase é assaltado ao chegar na Argentina se não fosse por Ballin Mundson, que o salva com sua bengala e desaparece em seguida. Johnny procura um clube noturno recomendado por seu novo amigo e lá ingressa no cassino. Após trapacear nos jogos é capturado e levado ao dono do local, que, por ironia do destino, é o Sr. Mundson. Depois de conversarem, Farrel o convence a contratá-lo como gerente do estabelecimento. Entre John, Balin e sua bengala surge uma grande amizade. Justamente quando tudo ia bem, surge Gilda como Sra. Mundson, a razão do início de todos os problemas.
O clássico film noir se destaca esteticamente por sua excelente trilha sonora e fotografia em preto e branco, remetendo ao expressionismo alemão. Possui personagens de caráter dúbio, criminosos, sensuais, violentos e corruptos. Seus temas e diálogos são contundentes, flutuando pelo niilismo, hedonismo e o desvio à moralidade cristã, compondo uma rica obra que convida o telespectador a se aprofundar no enredo.
De acordo com o The New York Times, o desempenho de Rita Hayworth em Gilda, seu maior sucesso, foi tão impressionante que os cientistas nucelares no atol de Bikiki das Ilhas Marshall batizaram uma bomba atômica com o nome de “Gilda”.
Iago Ribeiro Lisboa
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Relações humanas
Contém: Agressão física, assassinato, suicídio
Apoio Cultural: Hi-Fi Discos & Mídia
O CDCC fica na Rua Nove de Julho, 1227, Centro.