Embrapa 21 de Outubro de 2015
Na quinta-feira, 30 jornalistas do estado de São Paulo conheceram as iniciativas em andamento para tornar a pecuária mais sustentável. Na sexta-feira (16), 75 autoridades políticas, lideranças do agronegócio e representantes de empresas públicas e privadas participaram do evento.
A sustentabilidade pecuária é um conjunto de práticas para a criação de animais, utilizando técnicas que reduzem os danos causados à natureza. Está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico, social e material, sem agressão ao ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente, para que eles se mantenham no futuro.
Os participantes puderam verificar in loco os avanços em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF); pesquisas com gases de efeito estufa; cálculo da pegada hídrica do leite; qualidade da carne; e, melhoramento genético em bovinos e ovinos, este último em especial para a região Sudeste do Brasil.
Vantagens no uso de sistemas ILP e ILPF
Os sistemas ILP e ILPF integram diferentes culturas para aumentar a produtividade de maneira sustentável. Trata-se de unir atividades agrícola, pecuária e/ou florestal, na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação. Tecnicamente este sistema recupera áreas degradadas, reduz riscos de erosão, traz eficiência no uso de insumos, desenvolve pastagens com melhor qualidade e maior quantidade, aumentando a capacidade de suporte de animais, além de garantir bem-estar animal pelo conforto térmico e incrementar a produção de carne e leite por hectare.
Economicamente foi demonstrado que os sistemas ILP e ILPF diversificam a produção, gerando renda e reduzindo riscos do produtor; aumentam a produção de alimentos, fibras, biocombustíveis e biomassa, com menor custo; fazem melhor uso da terra; aumentam a competitividade dos produtos agropecuários nos mercados nacional e internacional; estimulam mercados regionais de serviços, insumos e produtos; e, tornam viável a produção agropecuária com adequação ambiental.
Mitigação de gases de efeito estufa na pecuária
A partir da adoção de sistemas integrados e melhores técnicas de manejo, é possível reduzir a emissão de gases de efeito estufa na pecuária. Pesquisas apontam que as principais tecnologias para garantir o desenvolvimento sustentável da pecuária englobam, dentre outros, a recuperação de pastagens degradadas, boas práticas de manejo da planta forrageira e do animal, uso adequado de insumos, melhoramento genético animal, boas práticas de manejo da água, adoção de sistemas integrados de produção (ILPF, ILP, IPF), balanceamento correto da dieta animal, uso de aditivos e o manejo racional dos dejetos animais, que englobam a fertirrigação, biodigestores e fabricação de fertilizantes organominerais.
Pegada hídrica na produção animal
É o indicador de quanta água é consumida, direta e indiretamente, usada na produção de um produto, medida ao longo de toda a cadeia produtiva. A Embrapa desenvolve pesquisas que aplicam o método buscando o valor real para as condições produtivas brasileiras. A média global é de cerca de 15 mil litros para cada quilo de carne produzido. Porém, este não é um valor fixo. Pode-se ter pegada hídrica de 150 litros de água por kg/carne bovina ou de 15 mil litros, a depender se leva em consideração toda a água usada no processo, desde a quantidade consumida na produção do alimento dado ao animal até a utilizada no abate, ou se o cálculo é somente de parte deste processo. O valor depende do sistema de produção, tipo de animal, composição e origem dos alimentos e formas de uso da água - consumo animal, irrigação, resfriamento e lavagem. O resultado pode subsidiar a formulação de práticas no campo e de políticas públicas sobre o uso da água.
Melhoramento genético e qualidade da carne
Fatores como raça, dieta, maturação, modo de preparo e localização do corte no corpo do animal têm influência nos aspectos sensoriais da carne. Foram apresentadas as estratégias genéticas para melhorar a eficiência de produção e da qualidade da carne bovina no Brasil, abordando dados sobre peso, idade de abate e maciez de bovinos terminados em pastagens, bem como o desempenho de bezerros terminados no pasto e em confinamento. Dados sobre a maciez da carne submetida a diferentes tempos de maturação também foram apresentados.
O mercado brasileiro demanda produtos de origem ovina em quantidade e qualidade. O aumento na disponibilidade desses produtos pode ser obtido pelo aumento do número de animais em produção e/ou pelo aumento de produtividade. Pesquisas sobre melhoramento genético de ovinos para a região Sudeste realizam cruzamentos entre as raças Santa Inês, Dorper, Ile de France e Texel, bem como estratégias de manejo desses animais. O objetivo é extrair o melhor geneticamente de cada raça para obter animais adaptados às condições da região Sudeste, com produção eficiente de carne e pele de qualidade.
Para o jornalista Luís Garmendia, o Dia de Campo serviu para mostrar as tecnologias e ter a certeza que existe um caminho certo para o país - do trabalho e da seriedade. "Existe um Brasil que dá certo, que é exemplo. E este Brasil está na Embrapa", destacou.
Para o diretor da ABAG/Ribeirão Preto, Marcos Matos, foi um dia de muito aprendizado. O deputado federal Lobbe Neto parabenizou o trabalho sério e importante da Embrapa. "Como parlamentar, sempre procuramos apoiar o trabalho desenvolvido pelas duas unidades da Embrapa em São Carlos. Agora, voltando ao Congresso Nacional, podem continuar contando comigo", afirmou o deputado.
Os dois dias de campo foram realizados com apoio das empresas integrantes da Rede de Fomento ILPF, uma parceria entre as empresas Cocamar, Dow AgroScience, John Deere, Parker, Syngenta, Schaeffler e a Embrapa. O objetivo principal é o de acelerar uma ampla adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária‑floresta como parte de um esforço visando à intensificação sustentável da agricultura brasileira. |