Ficar longe de casa é difícil para muita gente, mas quando a distância ultrapassa os 18 mil quilômetros e você está do outro lado do mundo, será que vale a pena? “Dá vontade de voltar e fazer tudo de novo. A experiência me surpreendeu, ganhei muito com isso”, revela Matheus Beleboni, aluno do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, depois de participar de um projeto na China.
Foram três semanas de aulas em Xangai, além de atividades e passeios turísticos. No final do período, Beleboni desenvolveu um trabalho em grupo, relacionando Brasil e China, com tema livre. Intitulado O impacto da educação superior no desenvolvimento de um país na perspectiva Brasil e China, o trabalho rendeu o prêmio de melhor projeto aos estudantes.
Outro aluno do ICMC, Giuliano Prado, também foi para a China e fez parte do grupo de Beleboni. Ele resolveu se candidatar à vaga após receber um e-mail da USP avisando sobre a oportunidade oferecida pelo Programa Top China Santander, cujo objetivo é incentivar a cooperação e promover debates sobre temas de interesse global entre Brasil e China.
O programa disponibiliza bolsas de estudos para estudantes de 24 universidades do país. A USP tem direito a cinco vagas e duas delas foram preenchidas por alunos do ICMC. No total, cerca de 100 universitários e professores brasileiros e chineses participaram da iniciativa em julho. As aulas ocorreram na Shanghai Jiao Tong University. Veja, a seguir, como foi a experiência dos dois alunos do ICMC.
15 minutos de fama – No Brasil, Giuliano Prado é apenas mais um aluno de Engenharia de Computação, mas na China, ele parecia um artista internacional. “Os chineses gostam muito dos estrangeiros. Paravam a gente na rua para tirar fotos, faziam vídeos, foi uma fama temporária”, diz o graduando.
Prado ficou hospedado no alojamento da Universidade. As aulas aconteciam em dois períodos: manhã e tarde. No final do dia, os participantes tinham a oportunidade de conhecer pontos turísticos e tradições locais, visitar monumentos, participar de cerimônias do chá e de trabalhos com argila e porcelana.
“A arquitetura e as decorações de lá são muito diferentes, os lugares sempre estão cheios e os chineses são bem solícitos. Outro ponto que impressionou é que, em Xangai, grandes plataformas eletrônicas, como Youtube e Google, não são utilizadas, eles criam os próprios produtos”, conta o estudante.
O aluno, que também já havia participado anteriormente de um programa nos Estados Unidos, afirma que ter uma oportunidade como essa é importante porque vivemos em um mercado globalizado: “O conhecimento que você traz do exterior pode ajudá-lo, no futuro, a pensar no desenvolvimento de um serviço ou produto adequado para diferentes culturas”.
Santa carona – Natural de Bauru, Matheus Beleboni é aluno de Ciências de Computação do ICMC e costuma oferecer caronas para os colegas de sua cidade. Mas o que ele não imaginava é que, em uma dessas viagens, quem ganharia uma carona especial para o outro lado do mundo seria o próprio estudante. “Um dos meus amigos que fez intercâmbio namora uma menina da Coreia do Sul. Ele estava no carro comigo e disse que iria se inscrever no Programa para poder visitá-la, já que, se fosse selecionado, estaria perto dela. Então, ele sugeriu que eu tentasse também”.
Depois de ser selecionado, Beleboni encarou 28 horas de viagem até Xangai. Toda a espera valeu a pena: “Foi uma das melhores oportunidades da minha vida. A parte cultural é a maior bagagem que eu trago de lá. Eles possuem um incrível legado da história do país, existem cidades com mais de dois mil anos de existência. Conhecemos templos budistas, estátuas e construções históricas”.
O estudante destacou também a prestatividade dos chineses, que sempre estavam dispostos a ajudar. “Se você estivesse jantando com os chineses e perguntasse onde poderia encontrar uma bebida, por exemplo, eles paravam tudo o que estavam fazendo para atendê-lo e só voltariam a comer depois que você conseguisse o que queria”. O graduando contou ainda que, para facilitar a comunicação com os estrangeiros, os chineses criavam até um nome “americano”.
Beleboni diz que poder passar por uma experiência como essa, ter contato com pessoas diferentes, traz um grande crescimento pessoal a abre a cabeça de qualquer um. O aluno, que já havia passado por experiências internacionais nos Estados Unidos e na Inglaterra, se encantou com o que viveu no lado oriental do planeta: “Superou as minhas expectativas, eu moraria lá. Sou muito grato por ter a oportunidade de participar”, finaliza o estudante que, em agosto, foi a São Paulo receber os alunos chineses que vieram ao país pelo Programa Top Brasil Santander.
Carta de reconhecimento - O desempenho dos dois estudantes no Programa foi destacado em carta enviada pelo Instituto de Relações Internacionais da USP, que ressaltou “o comportamento exemplar, a seriedade acadêmica e o espírito de busca de novos conhecimentos demonstrados pelos alunos”. A carta parabeniza o ICMC e a Escola de Engenharia de São Carlos por terem em seu quadro “alunos tão qualificados do qual a USP só tem de se orgulhar”.
Texto: Henrique Fontes - Assessoria de Comunicação do ICMC