Greve nacional dos bancários entrou hoje (14) no nono dia sem perspectivas de retomada de negociações
Segundo comando nacional da categoria, adesão alcança mais de metade dos locais de trabalho em todo o país. Manifestação em São Paulo na sexta-feira terá bancários, petroleiros e movimentos sociais
Rede Brasil Atual 14 de Outubro de 2015
A greve nacional dos bancários entrou hoje (14) no nono dia sem perspectivas de retomada de negociações. Segundo o comando nacional da categoria, o diálogo com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) está aberto, mas os representantes patronais estão "avisados" que não será aceita nova proposta "desonrosa", como diz, em entrevista, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Roberto von der Osten, o Betão.
O dirigente se refere às condições da primeira e única oferta feita até o momento, de reajuste de 5,5% no salários, com pagamento de um abono único de R$ 2.500. Segundo Betão, mais de metade dos locais de trabalho em todo o país aderiram à paralisação.
Em São Paulo, Osasco e região, agências e grandes departamentos dos principais bancos estão parados. “Estamos parando setores estratégicos, centenas de agências em segmentos importantes, inclusive alta renda. Nossa greve é justa”, diz a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.
A categoria só volta a fazer assembleias na próxima segunda-feira. Antes, na sexta-feira (16), será realizada manifestação com a participação de bancários e petroleiros, que estão em campanha salarial, com data-base em 1º de setembro. A defesa dos empregos, dos investimentos em produção, por melhores condições de trabalho e contra o uso abusivo de mão de obra terceirizada indevida unem os segmentos. Também participarão do protesto trabalhadores do setor de alimentação, movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA) e dos Sem Terra (MST).
O presidente da Contraf-CUT afirma que mesmo depois do fim de semana prolongado a greve se expandiu. E acredita que a situação prosseguirá assim nos próximos dias. "Construímos uma campanha de unidade nacional, só na área de nossa base de representação (do Comando Nacional) tem 134 sindicatos e dez federações. E os trabalhadores aderiram em massa. Eu acho que trabalhador não vai se dispor a uma situação tão humilhante, tão indigna, de aceitar no lugar de um reajuste correto de salário um abono."
Como ficou a adesão à greve depois de um fim de semana prolongado, com feriado?
Estamos no nono dia de greve. E abrimos o dia seguinte a um feriado num patamar de adesão superior ao da semana passada.
E por que a greve está crescendo?
Porque a proposta dos banqueiros reduz os salários e isso causou uma indignação muito grande. Porque o setor que mais ganha dinheiro, um lucro de R$ 36,3 bilhões dos cinco maiores em um semestre, não tem, com um lucro desse tamanho, oferecer uma proposta com metade da inflação. Isso é uma obviedade. Os bancos terão de perceber isso.
Estamos dizendo aos trabalhadores: nós queremos retomar as negociações, mas isso só será possível se for com proposta que valorize os trabalhadores, que tenha responsabilidade social e que seja coerente com o desempenho dos bancos.
Eles estão sendo provocados a conversar?
O Comando Nacional está reunido hoje em São Paulo para fazer uma avaliação do nosso movimento. E já deixamos claro para a Fenaban: nós estamos permanentemente à disposição e retomar a negociação. Agora, não podem chamar para fazer proposta de provocação, proposta indecente.
Você não teme que os bancos, em vez de melhorar no reajuste, apresentar proposta de abono maior para dividir a categoria e aumentar a ansiedade ante a possibilidade de uma greve prolongada e desgastante?
Nada impede que os bancos façam isso. Mas quem é dono da greve é o trabalhador. Os sindicatos só organizam. Construímos uma campanha de unidade nacional, só na área de nossa representação tem 134 sindicatos e dez federação. Organizamos um calendário nacional único, fizemos uma campanha única, e os trabalhadores aderiram em massa. Nós temos mais de metade dos locais de trabalho parada hoje. Eu acho que trabalhador vai se dispor a uma situação tão humilhante, tão indigna, de aceitar no lugar de um reajuste correto de salário um abono - é um prejuízo que incide sobre a carreira toda. Você não tendo reajuste, gastou o abono acabou. Ano que vem você vai ter que lutar pela inflação do ano que vem e pela inflação passada. O trabalhador sabe disso. Eu tenho certeza que ele não aceitará mais uma proposta indecente.
Então o Comando então deve desencorajar a Fenaban a apresentar uma proposta que não corrija o índice de reajuste?
Já desencorajou. Se vierem com proposta rebaixada e desonrosa, não percam tempo. Não vamos nem levar para a assembleia.