O Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) vai colaborar ativamente com a Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC), agregando competências no Núcleo de Medicina Nuclear daquela unidade de saúde, nomeadamente disponibilizando técnicas que são desenvolvidas no citado Grupo e que complementam um diversificado número de terapias, como, por exemplo, no tratamento de mucosites e de câncer de pele.
Para o Prof. Vanderlei Bagnato, pesquisador e docente do Grupo de Óptica do IFSC-USP e coordenador do Instituto Nacional de Óptica e Fotônica (INOF) e do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), embora o grupo não trabalhe com a área nuclear, o certo é que houve, com o decorrer do tempo, um desejo crescente, manifestado pelos próprios médicos, para que o Grupo viesse a colaborar com eles no sentido de colocar as tecnologias que são desenvolvidas no Instituto, em paralelo com as tecnologias de diagnóstico e tratamento que são utilizadas na SCMSC, tudo para melhorar a vida dos pacientes. “Isso foi uma procura dos próprios médicos da Santa Casa, porque hoje nós atuamos em diversos centros brasileiros de câncer, com as técnicas de laser e terapia (terapia fotodinâmica, tratamento de feridas, etc.), fazendo com que nos juntemos a eles no sentido de conciliar com a pesquisa feita no Grupo. Todo o desenvolvimento é feito aqui no IFSC”, sublinha Bagnato.
Ou seja, a filosofia adotada com a SCMSC será a mesma que norteou o Grupo de Óptica do IFSC-USP a criar e manter um Centro em Jaú, bem como outros que se encontram espalhados pelo País, onde o Grupo dará apoio com as técnicas que desenvolve e o serviço que presta, principalmente aos pacientes com câncer ou diabetes, através do desenvolvimento de tecnologias aplicáveis que possam beneficiar os cidadãos de São Carlos. “Nossa diretriz sempre foi – e continuará a ser – a de realizar ciência e inovação com responsabilidade social. Isso significa que, toda vez que a ciência é capaz de levar algum benefício para a sociedade, ela vai e leva; coloca em prática. Não estamos fazendo isso nos últimos três meses... Estamos fazendo nos últimos vinte e cinco anos”, complementa Vanderlei Bagnato, que acrescenta, enfaticamente, “A ciência paga pelo povo tem que ter um retorno possível direto ao povo”.
Contudo, embora a ação do Grupo de Óptica do IFSC-USP esteja sedimentada em vários pontos do Estado de São Paulo e mesmo no País, o interessante é que na cidade de São Carlos essa ação é pouco significativa. Para o Prof. Bagnato, uma das explicações para esse fenômeno pode estar no fato do Campus da USP São Carlos não ter ainda uma área dedicada à saúde. “São Carlos é o maior parque de indústria na área de óptica da América Latina. Então, conseguimos fazer uma interface muito grande entre a cidade e aquilo que dependia da área de exatas, que é o forte do nosso campus, e, hoje, os nossos trabalhos foram as sementes que geraram mais de mil postos de trabalho aqui na cidade e cerca de outros sete mil – indiretamente – com as empresas locais”, enfatiza o pesquisador.
Ainda segundo nosso entrevistado, como o Campus USP São Carlos é muito forte em engenharia, física e química, ele cumpriu muito bem a sua parte de transferir a tecnologia para as empresas, mas, por não possuir uma área dedicada à saúde ou à educação, viu-se limitado a criar outras interfaces, que acabaram sendo feitas com outras regiões. “Sem desprimor para ninguém, de fato é muito mais fácil você lidar com um médico que seja cientista, do que com um médico não cientista. Então, é muito mais fácil eu atuar com uma escola de medicina, do que com um hospital que não realiza pesquisa”, diz Bagnato que nutre uma nova esperança no futuro, porque como atualmente existe uma Faculdade de Medicina e um desejo dos médicos em participar com ensaios clínicos e validação de certos protocolos, envolvendo seus pacientes - algo que seguramente levará largos benefícios para o tratamento dos mesmos. “O panorama começa a mudar. Nós estamos já trazendo uma parceria com a saúde pública e nosso objetivo é trazer uma unidade da saúde pública para dentro do Campus USP de São Carlos”, finaliza Vanderlei Bagnato.