Duas pesquisas recentes estão sendo analisadas em detalhes para que melhores previsões possam nortear as decisões empresariais no último bimestre de 2020. As duas pesquisas divulgadas que nos referimos são do emprego formal – CAGED da Secretaria do Trabalho e a Pesquisa Nacional Domiciliar – PNAD do IBGE.
Essas duas pesquisas merecem esclarecimentos e comentários. A razão para o cuidado de análises focalizadas somente em um ou em outro resultado dessas pesquisas se deve a natureza temporal e a abrangência de cada uma. Dados que divulgam os efeitos das médias trimestrais, como a PNAD, são muito bons para apresentar tendências e reduzir o efeito de períodos menores, como os dados mensais das variáveis da macroeconomia quando a situação econômica é de normalidade. O CAGED divulga dados mensais e neste momento é superior como indicativo de que as médias passadas trimestrais, pois essas médias estão diluindo a importância mais recente da conjuntura.
Com a avaliação macroeconômica realizada pelo Informativo, o poder interpretativo aumenta significativamente quando o segmento empresarial compara os resultados com sua própria atividade.
CAGED, Emprego Formal e São Carlos. O emprego formal no Brasil cresceu em 313.564 postos de trabalho. O número fortalece o ganho de emprego ocorrido anteriormente, em agosto. Os meses de julho, agosto e setembro registraram assim crescimento do saldo de emprego formal. Todos os grandes setores produtivos expandiram o emprego formal.
O emprego formal na cidade de São Carlos está mais próximo do total do mês de março do que se encontrava ao final de agosto. Isto mostra que as atividades empregatícias têm sido fortalecidas, a despeito da ausência do enorme contingente universitário, das compras rotineiras das Universidades públicas e particulares. O emprego com carteira em setembro atingiu 71.298 contra 70.758 do mês de agosto. Utiliza-se o emprego do mês de março enquanto referência para informar a cidade. São Carlos atinge 99% do emprego formal registrado no mês de março de 2020.
Como registrado na Tabela 1 o emprego formal cresceu no Estado de São Paulo e no Brasil também e reforça a tendência de melhoria que foi iniciada no mês de agosto deste ano.
Os setores produtivos em São Carlos demonstraram pelo segundo mês consecutivo reação nas admissões. Do saldo positivo, 394 são homens e 146 são mulheres. Em termos de faixa etária, o maior contingente contratado, 268 tinha entre 18 e 24 anos. O segundo maior contingente, 120, tinha entre 30 e 39 anos de idade. Em termos de escolaridade, 364 pessoas do saldo total tinham o ensino médio completo, 96 fundamental completo e apenas 14 com o ensino superior completo!
Os grandes setores da Indústria e de Serviços continuam a se recuperar e o que pode ampliar o estoque de trabalho formal para os próximos meses. A Tabela 2 apresenta as admissões, demissões, saldo e o estoque de trabalhadores para o mês de setembro.
O emprego informal só é captado por pesquisa domiciliar, mas utilizando-se as medidas para o Brasil e para o Estado de São Paulo, realizadas pelo IBGE, estima-se um contingente de 19.000 trabalhadores informais na cidade de São Carlos. Assim, o setor formal e informal da economia do município conta com aproximadamente 90.000 pessoas ativas. Ao se acrescentar trabalhadores por conta própria, empregadores (empresários), trabalhadores domésticos e auxiliares familiares o mercado de São Carlos atinge aproximadamente 125.000 pessoas.
Para uma visão geral do emprego por atividades econômicas, a Tabela 3 apresenta os registros de admissões, demissões e saldos para as atividades produtivas no Brasil no mês de setembro de 2020. A Tabela 3 permite que os empresários da cidade comparem os resultados mais gerais com suas próprias atividades.
PNAD e o Comportamento Mensal de Indicadores. Os dados da PNAD divulgados pelo IBGE mostram que o mundo do trabalho no Brasil está em grande transição! Isto significa que a taxa de desemprego no último trimestre (de junho a agosto) aumentou, a população na força de trabalho caiu e a população fora da força de trabalho aumentou! Como interpretar isso é preciso cuidado.
Pessoas na força de trabalho são aquelas com idade para trabalhar e que se encontram: 1) ocupadas ou 2) desocupadas. A queda da força de trabalho significa que mais pessoas deixaram de procurar o emprego e passaram para a classificação “fora da força de trabalho”. Na imprensa, a taxa que acaba predominando é a taxa de desemprego. Do total da força de trabalho, 14,4% não encontraram oportunidades de atuar produtivamente.
Um fato que os dados exclusivamente do mês de agosto demonstram é que:
O crescimento negativo da população ocupada havia alcançado -14,1% até julho, ao final de agosto registrou crescimento negativo de -12,1%. Interpretação: julho foi o “fundo do poço” e agosto apresenta melhora em relação a tendência anterior.
O crescimento negativo da população ocupada na indústria em geral, da indústria de transformação e extrativa e da construção civil, todas sem exceção, mostraram que em agosto também inflexão, ou seja, houve recuperação das contratações.
O crescimento negativo da população ocupada no setor de serviços atingiu o pico também em julho, com redução de 15% da população ocupada no setor. Em agosto a redução ficou em 13,4%, ou seja, houve contratação no setor.
A mesma recuperação ocorreu nas ocupações formais, informais e trabalho por conta própria.
O saldo dessa análise é que a economia brasileira se tornou mais ativa a partir de agosto. Os dados do CAGED acima analisados estão puxando a economia brasileira na direção da reativação. A expectativa depende do motor dos investimentos privados! Esse gasto está congelado no Brasil em função da necessidade que as empresas encontram de estocar a liquidez ou administrar o caixa. Dessa forma, há pouco espaço para expansões produtivas.