Os dados do emprego formal do mês de outubro comprovam que a reação econômica no mercado de trabalho local está em curso. O cenário seria melhor e mais estável se a infraestrutura da cidade estivesse recebendo investimentos necessários. Um dos grandes obstáculos à condição econômica no Brasil tem sido a defasagem do investimento público em infraestrutura e a sobrecarga que novos empreendimentos causam ao estoque atual de capital público.
O evento da “Black Friday” poderia ter fortalecido tanto o comércio do centro da cidade quanto as expectativas empresariais para o último mês do ano. Com as enchentes recentes (em particular de 26/11), novos eixos comerciais e o comércio de bairros podem ser uma alternativa. Mas, as perdas a serem contabilizadas pelas empresas atingidas no centro da cidade provocarão prejuízos nos balancetes e efeitos negativos sobre o desempenho anual, tanto da rentabilidade quanto para o emprego da cidade.
Em relação a divulgação dos dados do CAGED para o Brasil, Estados e Municípios constatou-se crescimento do emprego formal. Em São Carlos foram criados 1.000 novos postos de trabalho. Os setores de serviços, indústria e comércio mostraram recuperação.
TABELA 1 – EMPREGO FORMAL EM SÃO CARLOS – out/2020
No setor de serviços, as atividades de comunicação, imobiliárias e administrativas foram as que mais produziram saldo positivo de emprego (+218); nesse setor a administração pública, saúde, educação e serviços sociais registraram expansão, com predominância para empregos na saúde humana e sociais (+178); a indústria de transformação foi responsável por quase a totalidade do emprego no grande grupamento; finalmente, o comércio, construção civil e agropecuária, todos com saldo positivo.
No Brasil o saldo do emprego formal cresceu 394.989 e no Estado de São Paulo o emprego formal aumentou em 119.261 postos. Assim, o Estado Paulista foi responsável pelo aumento de 30% do saldo positivo do emprego formal do país.
A expansão da formalidade encontra justificativa na expansão das unidades produzidas nos grandes grupamentos de atividades. A indústria nacional aumentou a produção em setembro em 2,6% e assim reduziu as perdas do ano para -7,2%; o comércio conseguiu zerar as perdas do ano e em setembro registrou um pequeno crescimento de volume de 0,6%; o setor de serviços aumentou a produção em setembro em 2% e as perdas anuais recuaram para -8,15%. Os indícios de aumento de produção no mês de outubro devem ser confirmados, pois os preços aos produtores subiram também em outubro, como registrado na Tabela 3.
TABELA 2 – PRODUÇÃO (em quantidades)
Os produtores enfrentaram aumento de preços de 2,34% em setembro e 3,4% em outubro. A concorrência setorial é que definirá a velocidade de repasse dos custos dos produtores aos consumidores.
Contudo, alguns preços, como de alimentos, já têm sido repassados aos consumidores como verificado tanto em setembro quanto em outubro.
O Índice Nacional de Preços aos Consumidores (INPC) é usado para medir a inflação para as famílias com faixa de renda de 1 até 5 salários mínimos, enquanto o IPCA abarca a renda familiar de 1 a 40 salários. Logo, o primeiro índice contempla a maioria das famílias de baixa renda que tem sofrido mais com o aumento de preços do que a média da população, como registrado na segunda parte da Tabela 3.
TABELA 3 – ÍNDICES DE PREÇOS NO BRASIL
Finalmente, a taxa de desemprego para o terceiro trimestre do ano, julho – setembro, continuou a subir e atingiu 14,6%. Isto significa que o crescimento do emprego formal em agosto e setembro ainda não foi forte suficiente para compensar o retorno de pessoas que se encontravam fora da força de trabalho e voltaram a procurar emprego em setembro. No trimestre anterior foram destruídos aproximadamente 1,35 milhão de postos formais. O emprego informal e trabalho por conta própria apresentaram melhorias, mas houve perda líquida no número de empregadores.
Assim, o aumento da oferta de trabalho em setembro não encontrou resposta do meio produtivo. É crucial a continuidade de políticas redistributivas de renda que assegurem o mínimo de sobrevivência para um enorme contingente populacional.