Pesquisa na Embrapa e UFSCar: Dispositivo para detecção de Greening na Citricultura
Agência de Inovação da UFSCar 16 de Outubro de 2015
Pesquisadores da UFSCar e da Embrapa desenvolveram uma tecnologia que busca auxiliar o trabalho de identificação de pés de laranja contaminados com Greening (Huanglongbing / HLB), doença da citricultura que ataca a planta e impede que a seiva chegue às extremidades, e que tem como principal sintoma o mosqueamento das folhas. Intitulado Dispositivo de ajuda perceptiva na atividade de inspeção visual de HLB Greening da citricultura, o invento consiste de um filtro incorporado às lentes de óculos e que cria um efeito visual que intensifica o contraste entre as cores características da doença nas folhas.
A patente, criação de Nilton Luiz Menegon e Luiz Otávio dos Santos Arantes, respectivamente docente e ex-aluno do Departamento de Engenharia de Produção (DEP) da universidade e Débora Marcondes Milori, da Embrapa, visa aumentar a produtividade e diminuir o índice de falhas no processo de inspeção das folhas doentes. Isso porque as técnicas óticas atualmente utilizadas em campo visam o diagnóstico da doença, uma fase posterior à detecção e ainda inviável de utilização e que só pode ser feita quando o operador está com a folha na mão, ou seja, quando já foi determinado que o pé tem possibilidade de estar contaminado.
Para fazer essa determinação a única forma tecnicamente viável é os inspetores percorrerem a plantação vistoriando as folhas, um trabalho sujeito a uma série de intempéries, com grandes exigências físicas e cognitivas que geram uma taxa de erro de até 60%, visto que o mosqueado é bastante sutil e somente operadores bem treinados conseguem identificar. Além disso, há a questão do custo do trabalho de inspeção visual, que coloca em risco a sustentabilidade do negócio. Como nem todo pé candidato irá ser diagnosticado com Greening, cada vez que o operador detecta uma possível contaminação ele deve parar o veículo para examinar o pé, o que pode demorar até dois minutos por folha.
Por outro lado, os testes realizados com o filtro desenvolvido obtiveram resultados bastante positivos tanto na percepção dos inspetores em relação ao uso dos óculos em campo, quanto na eficiência da detecção da moléstia. Segundo Luiz Otávio Arantes, cuja dissertação de mestrado resultou no dispositivo, os trabalhadores afirmaram que o uso traz conforto visual, reduz constrangimentos e diminui esforço de identificação, além de haver indicativos de melhora na quantidade de Greening identificado. “Nós tivemos ótimos resultados. Todos gostaram muito e pediram para continuar utilizando os óculos, porque ajudou muito o trabalho deles, podendo reduzir afastamento e esforços cognitivos”, alega.
Por outro lado, Nilton Menegon ressalta que já existiam aplicações similares para identificação de moléstias em plantações e até mesmo para uso militar, e que o trabalho desenvolvido apenas se baseou nessas aplicações para desenvolver um filtro específico para o Greening. “O nosso trabalho foi identificar uma frequência que deixasse passar alguns comprimentos de ondas e outros não. É a diferença entre a luz que chega nos óculos e aquela que passa e, portanto, é percebida pelo operador, e que dá o efeito desejado em termos de melhoria de capacidade perceptiva”, argumenta.
O pesquisador ainda lembra que, apesar de ter sido incorporado a um Equipamento de Proteção Individual (EPI), os óculos foram apenas a solução mais fácil e econômica para implementar o filtro, sendo possível aplica-lo a qualquer superfície translúcida que se interponha entre o operador e a plantação. “Uma das alternativas seria incorporar a lentes de filmadoras e utilizar dispositivos como drones para fazer a imagem. Hoje, com a tecnologia GPS, é facilmente reconhecível a posição daquele pé, o que pode servir de orientação para os inspetores”, alega.