Discriminação. Homofobia. Racismo. Xenofobia. Desigualdade social. Violência sexual. Delinquência juvenil. Acesso à educação. Questões ainda sempre presentes no debate sobre a sociedade brasileira e que, como não poderia deixar de ser, frequentemente se refletem no cotidiano da USP, maior instituição de ensino do país. São, portanto, questões a respeito das quais a Universidade não pode deixar de se posicionar, sempre incentivando a reflexão e promovendo a mudança de paradigmas. É indiscutível que o cinema, ao colocar o espectador em contato com diferentes perspectivas da realidade e problemas sociais das mais diversas naturezas, age como um instrumento de grande valor na promoção da cidadania, da solidariedade e da reflexão.
O Cineclube CDCC alinha-se ao Núcleo dos Direitos da USP em sua promoção da tolerância e de uma cultura de inclusão e justiça social no âmbito da Universidade. Não deixe, portanto, de assistir aos filmes e engajar-se na construção de uma Universidade e de uma sociedade mais justas, igualitárias e tolerantes.
3 - ACUSADOS
The Accused, EUA, 1988, Suspense, 110 minutos
Direção: Jonathan Kaplan
Elenco: Jodie Foster, Kelly McGillis, Bernie Coulson
Quais são os limites da justiça? Da responsabilidade social? “Acusados” faz uma denúncia forte e provocadora na natureza humana e na consciência moral e individual, em um processo judicial que trata a vítima como um criminoso. Uma mulher de classe baixa e de má reputação, em uma noite num bar é estuprada por vários homens bêbados enquanto outros espectadores alcoolizados aclamavam a barbaridade. Uma promotora fica a cargo do caso e acredita ter havido o estupro, mas acha difícil convencer os jurados de que não houve flerte com os agressores. Com isso ela aceita um acordo, condenando os violadores por “agressão corporal”, crime com uma pena menor. A vítima não aceita e ao encontrar um dos homens que a viram no bar e que a provoca, reage e causa um acidente de trânsito, abalroando o carro dele. A promotora percebe que houve “incitação ao crime” por vários outros homens que assistiram a cena e resolve acusá-los, dessa vez sem acordos. Mas para isso ela precisa identificar o jovem anônimo que ligou para a polícia avisando do estupro. Grande sucesso de bilheteria, o filme rendeu a Jodie Foster o Oscar de Melhor Atriz.
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS
Tema: Crime
Contém: Relação íntima, tensão
10 – CRISE
Crisis: Behind a Presidential Commitment, EUA, 1963, Documentário, 83 minutos
Direção: Robert Drew
Participantes: John F. Kennedy, Robert F. Kennedy
Após cem anos de abolição da escravidão nos Estados Unidos, a segregação racial predominava em grande parte do pais, impedindo os negros de serem integrados junto a sociedade. Em junho de 1963, o presidente, John F. Kennedy, tinha um grande problema em suas mãos. No Alabama, estado reconhecidamente conservador, retrógrado, provinciano, racista e preconceituoso, o governador George Wallace ameaçava impedir, pessoalmente, a entrada de dois jovens estudantes negros na universidade local - colocando-se contra uma ordem judicial impetrada pelo irmão do presidente, então secretário de Estado de Justiça, Robert Kennedy.
Crise é uma obra documental que mostra as 30 horas que antecedem este acontecimento durante este período, antes e depois do acontecimento na Universidade do Alabama. O filme usa cinco equipes de filmagem para seguir o presidente John F. Kennedy, secretário de estado Robert F. Kennedy, governador George Wallace, vice-procurador geral Nicholas Katzenbach e os alunos Vivian Malone e James Hood. Por outro lado, a equipe de filmagem mostra o apoio dos moradores ao governador Wallace em suas atitudes conservadoras.
Como Wallace prometeu pessoalmente bloquear os dois estudantes negros de se matricularem na universidade, a administração Kennedy discute a melhor forma de reagir a ela, sem despertar a multidão ou fazer Wallace um mártir para a causa segregacionista.Sendo Wallace fortemente apoiado em seu estado, uma atitude precipitada desencadearia problemas em seu governo, juntamente com o governo federal e também com a população local, que por sua vez, poderia cometer algum ato contra os estudantes negros e contra a universidade.
O ponto forte do documentário é que em nenhum momento o espectador acredita que eles estejam percebendo a presença das câmeras ali e “encenando” suas atitudes. Com isso, acaba se tornando uma relíquia também pela proximidade inédita que tem com os bastidores do poder, mostrando de forma clara as reações dos mesmos presentes no ambiente.
Renan Strano de Oliveira
LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS
Tema: Conflito político e social
17 – UM GOSTO DE MEL
A Taste of Honey, Reino Unido, 1961, Drama, 100 minutos
Direção: Tony Richardson
Elenco: Dora Bryan, Robert Stephens, Rita Tushingham, Murray Melvin
Clássico do realismo social britânico sobre uma jovem de família conturbada que se apaixona por um marinheiro negro que a abandona por conta do trabalho. Grávida e sem apoio familiar, a garota encontra seu porto seguro na amizade com um rapaz gay que estará ao lado dela nas horas mais difíceis. Abordando com crueza até então inédita questões sobre o papel da mulher, o racismo e a diversidade sexual, o filme conquistou os prêmios de Melhor Ator e Atriz no Festival de Cannes, além de quatro prêmios BAFTA, o “Oscar inglês”, incluindo o de Melhor Filme.
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: Racismo
Contém: Nudez, linguagem obscena, tensão
24 – HASTA LA VISTA: VENHA COMO VOCÊ É
Hasta la Vista, Bélgica, 2011, Comédia, 115 minutos
Direção: Geoffrey Enthoven
Elenco: Pierre de Clercq, Asta Philpot, Mariano Vanhoof
Com sua estória, “Hasta La Vista” reduz um mundo até desfazê-lo e acoplá-lo como mera extensão da realidade considerada normal, e traz à tona as características inerentes ao ser humano que não se desqualificam por causa de deficiências ou diferenças físicas. Três rapazes de famílias economicamente estáveis, apreciadores de vinho, de uma boa conversa, de uma paradisíaca paisagem e de uma bela mulher, têm seus desejos, comuns a qualquer pessoa, em maior dificuldade de serem saciados, pois as suas limitações físicas são apresentadas, de uma forma muito cruel embora natural, como problemáticas e repulsivas, devido ao esforço necessário para cumprir tarefas simples do dia-a-dia. Um deles é tetraplégico, outro é cadeirante e o terceiro é deficiente visual; cada um com suas autoestimas destruídas embora conformadas, seus libidos pouco se reduzem, assim como suas emoções negativas, que lhes causam dor e afetam seriamente suas saúdes mentais. Mas já acostumados com suas condições, eles agora se focam somente em driblar os obstáculos, e é nesse aspecto que o filme se foca, em contar a viagem dos três a um bordel espanhol especializado em clientes com deficiências. Superprotegidos pelos pais, os três, para não contar-lhes a verdade que é frequentemente tratada como um tabu, inventam uma história agradável e clichê de uma viagem turística pela Europa. E eles devem ainda fazer-se merecedores e responsáveis o suficiente para cuidarem de si próprios, mesmo que isso signifique acompanhamento permanente por um enfermeiro.
Na viagem, os três revelam suas fraquezas e suas forças, sempre em contextos que parecem ter sido especialmente preparados para enaltecer alguma moral ou simular uma frequente situação, como a da inveja, a piedade e a arrogância justificada, assim como a amizade, o amor e a gratidão. E conquanto estejam juntos, apoiados num grupo que se agrega em si próprio num mar de segregação, a felicidade, como recompensa da superação, surgirá como mero efeito da existência, que lhes fornece, assim como também fornece a todos os seres, a valoração extrínseca da vida humana, que é máxima, e por isso encontra a justiça e certamente deveria encontrar a igualdade em toda a sua manifestação vital.
Lucas Marques Gasparino
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Amizade
Contém: Conteúdo íntimo, drogas lícitas
31 – E SE VIVÊSSEMOS TODOS JUNTOS?
Et si on Vivait Tous Ensemble?, Alemanha/França, 2012, Comédia, 96 minutos
Direção: Stéphane Robelin
Elenco: Buy Bedos, Daniel Brühl, Geraldine Chaplin
O filme que retrata a velhice de cinco amigos, que possuem uma amizade de mais de 40 anos. Junto com a velhice, eles se deparam com os fantasmas presentes nesta fase da vida, como as casas de repouso e os problemas de saúde. Levando em consideração esses fatores, os mesmos buscam uma alternativa para solucionar estes problemas decidindo então, morar juntos. No princípio, a ideia parece loucura porém, a convivência traz lembranças, desdobramentos de histórias do passado e perspectivas de que a vida ainda não acabou.
Na história, Jean é um cara revoltado, mas Annie casou-se com ele e sabe muito bem como acalmar a fera, usando seu corpo. Albert não esquece seu amor pela esposa Jeannie, mas já precisa anotar tudo para lembrar-se de outras coisas. Enquanto isso, Claude é um solteirão convicto, lê "Memória de Minhas Putas Tristes", tem um histórico como fotógrafo, sendo amante da pornografia e não dispensa a presença de uma nova parceira na cama.
Sendo assim, os cinco personagens com características diferentes, acostumados a se reunirem com frequência, agora irão passar a conviver juntos o tempo todo. Com isso, o que parecia uma solução começa a mostrar-se um problema, levando em conta as características de vida e as particularidades de cada um que agora irão dividir. Com o passar do tempo, as lembranças do passado e da longa amizade trará ao presente revelações de segredos do grupo, mostrando a eles que ainda não se conhecem da forma que imaginavam. Em função da idade, os problemas de saúde impedem alguns integrantes do grupo de realizar algumas tarefas comuns do dia a dia. Com isso, a história dá lugar a Daniel, estudante de Etnologia, que foi contratado para realizar estas tarefas. Porém, com o decorrer do tempo, Daniel tem a ideia de realizar um estudo sobre as vidas desses cinco idosos, baseando sua tese da faculdade em cima deste convívio. Assim, torna-se mais próximo de cada um deles, passando a compartilhar experiências com os mesmos, inclusive tabus sobre sexualidade na velhice, mostrando que os idosos não são “anjos”.
Renan Strano de Oliveira
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: Terceira idade
Contém: Conteúdo íntimo, drogas lícitas
Apoio cultural da Locadora Vídeo 21.
O CDCC fica na Rua nove de julho, 1227, Centro.
Mais informações:
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Com informações do CDCC e da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária