Uma das equipes do ICMC levou a medalha de ouro na final nacional da Maratona de Programação, o que garantiu a conquista da terceira melhor colocação entre os competidores da América Latina
Não seria exagero comparar a grandeza da Usina Hidrelétrica de Itaipu com a dos 72 times brasileiros que participaram da final nacional da Maratona de Programação no último final de semana, dias 11 e 12 de novembro. Mergulhados na resolução de 13 desafios de programação, havia ao menos 288 estudantes, levando em conta que cada equipe possui três competidores e um técnico.
Entre eles estavam dois times do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, que cruzaram os mais de 900 quilômetros que separam o município do interior paulista da cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, onde ocorreu a competição. Um desses times regressou da jornada com uma recompensa luminosa no peito: a medalha de ouro por ter conquistado o segundo lugar entre as equipes brasileiras, o que assegurou também a obtenção da terceira melhor colocação entre os competidores da América Latina.
O resultado garantiu, ainda, o direito de participar da final mundial da competição em Beijing, na China, de 15 a 20 de abril do próximo ano. “Estamos honrados por poder representar o ICMC e o Brasil nessa importante competição. Faremos nosso melhor para obter um bom resultado”, diz Samuel Ferreira, um dos membros do time de ouro.
Além de Samuel, fazem parte do time – chamado de Trei Linha – Lucas Pacheco e Rodrigo Weigert, todos eles estudantes do curso de Ciências de Computação e membros do Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (GEMA) do ICMC. “Gostaria de ressaltar a importância do ICMC, dos nossos professores e do GEMA para o nosso desempenho. Entramos na universidade com pouquíssimo conhecimento em computação e através do incentivo e excelência deles, pudemos obter tal resultado”, ressalta Samuel.
Os dois técnicos que orientaram a equipe também são do GEMA: Bruno Sanches e Danilo Tedeschi, alunos de mestrado do Instituto. Eles conhecem bem a trajetória de um maratonista-programador ou de um programador-maratonista, pois conquistaram a medalha de ouro na Maratona de Programação em 2015 e já participaram de uma final mundial da competição, realizada na ilha de Phuket, na Tailândia, em maio de 2016.
“A estratégia de passar o conhecimento obtido nas competições de uma geração de estudantes para outra tem sido muito bem-sucedida, conforme mostram os excelentes resultados alcançados nos últimos anos pelo Instituto”, explica o professor João Batista, que coordena o GEMA. “É um ciclo virtuoso que precisamos manter: os ex-competidores treinam os atuais participantes. Em termos técnicos, os ex-competidores conhecem mais sobre os desafios de programação do que os professores e sabem quais lacunas precisam ser eliminadas para que os estudantes possam seguir adiante”, revela João, que acompanhou os alunos durante o desafio em Foz do Iguaçu. A prova ocorreu no Cine Teatro Barrageiros, que ficou todo colorido por balões porque, a cada problema resolvido durante a competição, a equipe ganha um balão.
Estímulo para ir além – Outro time formado por membros do GEMA, o Tô Nem Vendo, conquistou o 18º lugar entre as 72 equipes brasileiras da Maratona. Composto por Cezar Guimarães, Guilherme Tubone e Victor Forbes, todos estudantes de Ciências de Computação do ICMC, o time teve como técnico o mestrando Nicolas Oe.
O sobrenome de Nicolas já é conhecido pela comunidade do ICMC. A irmã dele, Bianca Oe, fez parte do time que trouxe para o ICMC, pela primeira vez, a medalha de ouro da Maratona Brasileira de Programação em 2013. Além de Bianca, participaram da equipe Bruno Adami e Luís Dorelli de Abreu. Atualmente, Bianca está trabalhado na Microsoft, no Canadá, e Luiz, no Google, em Londres.
“Participar da Maratona de Programação contribui para que os estudantes se preparem melhor para os processos seletivos dessas grandes companhias”, garante o professor João. O técnico Bruno Sanches vai finalizar seu mestrado no ICMC em dezembro e também partirá para a Microsoft, no Canadá. Um dos estudantes que ganharam medalha de ouro este ano, Rodrigo Weigert, começará seu estágio em Belo Horizonte, no Google, já no próximo semestre. Não é à toa que, desde que o GEMA foi criado, em 2007, os estudantes se interessam cada vez mais em fazer parte do grupo.
“O apoio do ICMC tem sido fundamental para o alcance de todas essas conquistas”, finaliza João. A viagem dos times a Foz do Iguaçu foi patrocinada pela diretoria do ICMC e pelo Itaú Unibanco.