Rede Brasil Atual 2 de Novembro de 2015
O projeto de “reorganização” do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), que prevê o fechamento de 94 escolas em várias regiões do estado e a extinção do ensino noturno e cursos de suplência em diversas unidades, vai prejudicar também a composição salarial dos professores. De acordo com o sindicato dos professores da rede estadual paulista (Apeoesp), a partir do ano que vem será mais difícil compor a jornada em apenas uma escola daqueles professores que lecionam para os anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.
“Professores das escolas que serão fechadas irão disputar aulas com os colegas das demais unidades, assim como os das escolas “reorganizadas”. Se não conseguirem aulas, poderão ficar “adidos”, ou seja, “encostados”, recebendo salários menores”, afirma a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel.
Um professor PEB II, com jornada de 40 horas semanais, hoje recebe R$ 2.415,89 em início de carreira. Na disputa por aulas, poderá ter sua jornada reduzida para 30 horas semanais ou 24 horas semanais de trabalho, com redução salarial. No limite, poderá ficar adido, recebendo salário equivalente à jornada inicial (12 horas semanais de trabalho). No caso do PEB II, significa míseros R$ 724, 77. No caso de PEB I, poderá passar de R$ 2.086,93 (40 horas semanais) para irrisórios R$ 626,07. “O que está em jogo é a sobrevivência desses professores. O governo do PSDB quer mesmo transformar o magistério em um bico”, diz Bebel.
De acordo com a dirigente, esta é mais uma evidência de que o projeto do governo, já em curso, visa apenas ao corte de gastos, a “racionalização” administrativa e financeira, o “enxugamento” da máquina do Estado, e não uma política pedagógica para melhorar a qualidade da educação.
A tese de que é preciso separar crianças menores de crianças maiores e separar crianças e adolescentes não tem nenhuma sustentação pedagógica e não tem nada a ver com ciclos de aprendizagem. Em sua correta acepção, os ciclos reúnem estudantes de acordo com seus estágios de aprendizagem, pouco importando suas idades.
“O que o governo estadual está fazendo é um retrocesso, um rompimento com os avanços que experimentamos nos últimos anos e a quebra do ensino fundamental de nove anos. É um retorno à seriação, aos tempos em que, em plena ditadura, tínhamos separados o primário, o ginásio e o segundo grau.” Bebel ressalta ainda outra contradição de Alckmin: o investimento no ensino médio, quando na verdade mais de 10% das escolas a serem fechadas são de ensino médio.
Em estado de greve, os professores farão nova assembleia durante ato no próximo dia 10, a partir das 12h, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. |