O Serviço de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de São Carlos está há dez meses com uma nova estratégia para estabelecer diagnósticos com precisão e eficácia. O grupo, de aproximadamente 15 pessoas, entre médicos ortopedistas, residentes e alunos do 5º ano do curso de Medicina na da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) realiza uma reunião semanal para a discussão dos casos clínicos dos pacientes internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com problemas ortopédicos.
De acordo com o ortopedista, coordenador do Serviço de Ortopedia e Traumatologia ecoordenador do programa de Residência Médica de Ortopedia da Santa Casa, Rodrigo Bezerra de Menezes Reiffdurante a reunião são discutidas as condutas que serão aplicadas aos pacientes que aguardam cirurgia, bem como são apresentados os casos dos pacientes que foram submetidos a tratamento cirúrgico durante a semana.
“As reuniões trouxeram uma homogeneidade no tratamento dos pacientes, já que toda a equipe discute, analisa e consolida um diagnóstico e a forma técnica que será aplicada as intervenções cirúrgicas” explicou Reiff.
O ortopedista diz ainda que as reuniões trouxeram a possibilidade de oferecer ao paciente técnicas de intervenção cirúrgicas mais modernas. “Nas fraturas do planalto da tíbia (osso que fica logo abaixo do joelho) exige uma abordagem cirúrgica especial, que os novos médicos que integraram ao grupo trouxeram uma forma inovadora de se fazer essa cirurgia”, exemplificou Reiff e concluiu que essas discussões “oxigenaram” a forma de estabelecer o diagnóstico e a conduta pós-cirúrgica.
O residente em Ortopedia Andrew Carlos de Arruda Serrão afirmou que as discussões e analises são bastante produtivas, principalmente nos casos mais complexos, nos quais especialistas indicam abordagens diferenciadas, que como residente em processo de formação são bastante proveitosas.
“Para o paciente, mesmo não estando presente, as reuniões conseguem atingir um grau de consolidação de diagnóstico que acelera a intervenção cirúrgica e proporciona uma maior agilidade no tratamento”, declarou Serrão.
Compartilha do mesmo entusiasmo com o debate a estudante do 5º ano de Medicina da Ufscar, Rafaela Palermo Marcondes ao reforçar que os inúmeros casos clínicos que chegam para a reunião trazem uma diversidade de diagnósticos e pluralidade de soluções que enriquece o repertório dos estudantes.
“As discussões sempre vão além do que está programado nas aulas do Internato [estágio dos alunos no hospital] o que me interessa bastante. Os casos são sempre muito complexos e os resultados muito satisfatórios”, afirmou Rafaela.
A estudante disse ainda que o mais interessante é ter o contato direto com o paciente e ver o resultado positivo das intervenções cirúrgicas quando o paciente recebe alta médica, e pode ir para casa.
Análise
Segundo Reiff, cada situação dos pacientes serve como disparador de um debate sobre o tema, com a participação efetiva de todos os presentes. “Ao longo do tempo foi possível constatar uma prevalência de padrão de trauma, representado pelas vítimas de acidentes de trânsito, sobretudo aqueles envolvendo motociclistas”.
O médico vai além, ao interpretar como uma epidemia, com forte impacto negativo social, o volume de acidentes de trânsito que causam traumas ortopédicos, em virtude de ocorrer em indivíduos economicamente ativos, cujo afastamento gera ônus à Previdência Social e cujo tratamento gera um alto custo ao SUS.
“Em uma grande parte dos casos, o fator de risco aos acidentes está relacionado à imprudência no trânsito. Nos países desenvolvidos, há uma regra simples que poderia ser aplicada ao nosso meio, com significativo impacto na redução dos acidentes de trânsito. O condutor de automóvel respeita o motociclista, que por sua vez respeita o ciclista e todos respeitam o pedestre”, finaliza.