TCE aponta superlotação, precarização e despreparo no ensino estadual de SP
Em parecer, Tribunal de Contas do Estado constatou superlotação em 95% das unidades visitadas, que deve se agravar com novos fechamentos
Rede Brasil Atual 16 de Outubro de 2015
Enquanto o governo de São Paulo justifica o possível fechamento de escolas estaduais alegando “ociosidade”, o TCE- SP (Tribunal de Contas do Estado) apontou uma série de problemas na educação pública estadual. Entre os pontos considerados problemáticos, está a superlotação de salas de aula, escolas em condições precárias e professores despreparados. Os apontamentos constam no parecer das contas de 2014 de Geraldo Alckmin (PSDB). A situação, que já é crítica, deve se agravar com o fechamento de escolas na rede pública.
Para contextualizar o parecer, o TCE visitou escolas em todo o Estado de São Paulo, inclusive do ABCD, e constatou que 95% das unidades educacionais possuem salas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio lotadas, contrariando o estipulado pelo CNE (Conselho Nacional de Educação), que prevê até 30 alunos por turma. Para se ter uma ideia, 15% das salas do Ensino Médio contam com mais de 45 estudantes.
A superlotação das salas agravou-se ainda mais no início deste ano, com o fechamento de mais de três mil salas de aula em todo o Estado, sendo 300 na região do ABC. De acordo com a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), no ABC, algumas turmas atingem mais de 50 estudantes.
“Nas escolas pesquisadas, a quantidade de alunos por sala é muito além do preconizado pelo CNE, o que certamente dificulta a aprendizagem e o atingimento do padrão de qualidade definido como um dos princípios pelos quais o ensino deve ser ministrado”, analisa o TCE-SP.
O Tribunal destaca ainda que parte das escolas estaduais tem a instalação física precária, sem laboratórios, livros e quadras, por exemplo.
De acordo com o parecer, cerca de 60% das escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio não contam com laboratórios de ciências; 30% das unidades de Ensino Médio não possuem refeitório. O levantamento ressalta também que mais de 60% das escolas não possuem o número mínimo de banheiros estipulado pelo CNE para atender à demanda de alunos.
“Entre 20% e 30% das escolas não têm nenhuma unidade de enciclopédia, independente da etapa de ensino, e o acervo de literatura infantil não está presente na quantidade recomendada”, garante o Tribunal.
O levantamento do TCE-SP destaca que 27,7% das escolas do 6º ao 9º ano têm professores com formação acadêmica incompatível; ou seja, docentes que ministram aulas de disciplinas diferentes daquelas em que obtiveram formação. O número é ainda maior no Ensino Médio, chega a 30% das escolas.
Ao ABCD Maior, a assessoria da Secretaria de Educação afirmou que as contas de Alckmin foram “aprovadas por unanimidade”. No entanto, reconhece a necessidade de melhorias na educação: “O governo buscará sempre atender as recomendações do tribunal, no que couber e for possível. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo esclarece que não há superlotação de salas de aula.” O governo ainda diz que “os professores possuem a oportunidade de realizar cursos de aprimoramento”.