A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) oferecerá, a partir do próximo ano, o curso de Bacharelado em Tradução e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais (Libras)/Língua Portuguesa, que iniciará seu processo seletivo, através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), ainda neste ano.
A criação do curso partiu de uma demanda do Governo Federal e integra o escopo de ações do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver Sem Limite que, dentre outras diretrizes, prevê a formação de profissionais que atuem na educação de surdos.
O curso de graduação oferecerá, anualmente 30 vagas. A pactuação realizada com o Ministério da Educação para a implantação prevê que sejam disponibilizadas oito vagas de docentes e outras oito de servidores técnico-administrativos, além de R$ 2 milhões para investimento (equipamentos, mobiliário etc.) e R$ 75 mil anuais para custeio, durante quatro anos.
A experiência da UFSCar na área de Educação Especial motivou a demanda pelo curso de graduação. Para elaboração do projeto pedagógico, formou-se uma comissão composta por docentes dos departamentos de Psicologia (DPsi) e de Letras (DL) da Universidade. Cristina Broglia Feitosa de Lacerda, docente do DPsi que presidiu a Comissão, explica que a escolha por um curso de bacharelado em tradução e interpretação foi motivada pela carência de intérpretes e tradutores, uma vez que a maior parte dos cursos apoiados pelo Viver Sem Limite são licenciaturas, voltadas para a formação de professores. Como a legislação atual prevê a presença desses profissionais nas salas de aula com alunos surdos, há uma grande demanda por intérpretes e tradutores e, no Estado de São Paulo, ainda não havia nenhuma universidade pública realizando essa oferta.
Formação
"Fizemos a opção por um curso de bacharelado que é composto por disciplinas que ensinam Libras e, também, disciplinas que promovem discussões sobre a tradução e a interpretação, bem como sobre as atividades desses profissionais em espaços educativos. O intérprete/tradutor também pode trabalhar em conferências e diversos outros espaços sociais que envolvam pessoas surdas e ouvintes. A reunião entre docentes do DPsi e do DL garante o caráter interdisciplinar do curso, que agrega conceitos e discussões linguísticas e da Educação Especial. Optamos por oferecer um tipo de formação que visa garantir o direito da pessoa surda a ter um intérprete em sala de aula e, além disso, um profissional crítico, com uma formação sólida, calcada na experiência pela qual a UFSCar é reconhecida", explica Lacerda.
Dentre as funções previstas para o profissional a ser formado estão as de efetuar a comunicação entre surdos e ouvintes e surdos e surdos; interpretar as atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino Fundamental, Médio e Superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares; atuar nos processos seletivos para cursos em instituições de ensino e em concursos públicos; e atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e atividades-fim das instituições de ensino e repartições públicas.
Processo seletivo
As informações sobre os procedimentos para ingresso nos cursos de graduação da UFSCar devem ser conferidas no site do processo seletivo da Universidade, em www.vestibular.ufscar.br. Dúvidas podem ser esclarecidas na seção "Dúvidas Frequentes" do site, pelo e-mail covest@ufscar.br ou através do telefone (16) 3351-8152.