A onda de acidentes com picada de escorpiões no interior paulista tem provocado preocupação entre os moradores de diversas cidades e, ao mesmo tempo, exigido medidas de informação e orientação por parte dos setores públicos que tem essa tarefa de atuação. Em São Carlos, a Prefeitura, através do Setor de Zoonoses da Vigilância Epidemiológica, sugere algumas recomendações que podem diminuir bastante o risco de acidentes desse tipo.
De acordo com a médica veterinária Luciana Karina Marchetti, a primeira atitude a ser tomada por todos é manter limpos quintais, sótãos, jardins, garagens e depósitos, evitando, assim, o acúmulo de folhas secas, lixo, entulho, telhas, madeiras e tijolos. “Sem essas medidas básicas torna-se muito difícil, quase impossível, afastar qualquer chance de encontrar um escorpião e até mesmo a ocorrência de uma picada. É muito importante, também, ter cuidado ao fazer essa limpeza porque, em alguns casos, os acidentes acontecem justamente nessa ocasião”.
Limpeza periódica- Luciana orienta, ainda, que sejam feitos aceiros (faixas ao longo das cercas, muros e paredes) com pelo menos dois metros de largura nas divisas com terrenos baldios. Rebocar paredes e muros para que os vãos e frestas não sirvam de esconderijos dos escorpiões. “Além disso, é preciso manter pontos de energia (caixinhas) de telefone sempre bem vedados, telar aberturas de ventilação de porões e fazer uma limpeza periódica em caixas de gordura. Esses locais são os que mais favorecem a ocorrência do escorpião por serem úmidos e escuros. Os predadores naturais como sapos, corujas e galinhas devem ser preservados. É fundamental inspecionar toalhas, roupas e calçados antes de usá-los”, acrescentou Luciana.
No caso de picada a pessoa atacada deve ir rapidamente ao SMU da Santa Casa de São Carlos. E para informações mais detalhadas, o Setor de Zoonoses do município está à disposição pelos telefones 3307-7405 e 3307-7282, ou ir diretamente ao setor na rua Conde do Pinhal, 2161, no centro.
Este ano, em toda a cidade de São Carlos, foram registrados 39 acidentes com escorpiões. O mês com maior incidência foi janeiro, com 6 casos. Depois, na sequência, março, abril e agosto, com cinco ocorrências cada.
Sintomas após picada- A picada do escorpião provoca muita dor no local e podem ocorrer reações como náusea, vômito, suor em excesso, sonolência e tremores, além de outros. Esses sintomas podem aparecer logo após a picada ou até em algumas horas depois do acidente. “Por isso, é fundamental que o atendimento médico adequado seja rápido. Ele evita que a situação piore e leve a pessoa a ter complicações mais sérias”, advertiu Luciana Marchetti.
Escorpiões são artrópodes que pertencem à classe ‘arachinida’, capazes de causar envenenamento pela picada (ou ferrão). No Estado de São Paulo existem duas espécies consideradas de relevância epidemiológica que podem causar acidentes e envenenamento: o ‘Tityus serrulatos’ (escorpião amarelo) e o ‘Tityus bahiensis’ (escorpião marrom).
São terrestres, tem hábitos noturnos e as principais presas são baratas, cupins, grilos e aranhas de pequeno porte.
Quanto ao controle químico de escorpiões, de acordo com o Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses do Ministério da Saúde até o presente momento não há estudos que comprovem a efetividade do uso de produtos químicos. Portanto, não existe eficácia na aplicação de venenos, podendo inclusive causar um efeito indesejável que é o desalojamento dos animais abrigados. Os mesmos são perturbados pelo veneno e saem em busca de novos abrigos.