Fracassou a reunião envolvendo dirigentes sindicais do Sindspam, servidores da Secretária Municipal da Saúde e da titular da pasta Denise Cury. Um acordo até chegou a ser firmado entre as partes, mas foi descumprido antes mesmo do término da reunião, por parte da secretária. Após deixarem a sede da secretaria os sindicalistas receberam a denúncia de que servidores concursados e de confiança estariam no Centro de Especialidades Odontológica (CEO), carregando caixas que estavam armazenadas no porão do prédio. O presidente do sindicato, Adail Alves de Toledo, acompanhado do diretor Gilberto Antunes e do advogado do sindicato Luiz Donizete Luppi, foram ao prédio localizado na rua 9 de Julho e flagraram o desvio de função desses servidores. As caixas continham prontuários e documentos das unidades de saúde do município e estavam armazenados no porão, meio a venenos de ratos e insetos mortos. Até a PM foi acionada para o registro de um boletim de ocorrência. Houve bate boca entre a secretária e os sindicalistas, fato que foi presenciado por vários servidores municipais e profissionais da imprensa.
Ainda durante reunião entre os dirigentes sindicais, secretária determinou que outros servidores fossem carregar caixas em porão do CEO.
O início da confusão – Na quarta-feira alguns funcionários da secretaria estiveram no Paço Municipal pedindo a transferência para outras secretarias, pois eles informaram que Denise Cury os tratava com falta de educação o que caracterizava o assédio moral.
Naquela mesma tarde o Sindspam visitou o novo prédio da secretaria e atestou que um dos anexos apresentava rachaduras nas paredes e os funcionários reclamavam da falta de condições de trabalho, como espaço reduzido, falta de sanitários e de ventilação.
Para resolver o impasse o sindicato e a secretária se reuniram na manhã desta quinta-feira (29), com a presença de um representante de cada setor que se sentia prejudicado. A reunião começou às 8h30 e durou cerca de duas horas. Durante a reunião ficou acordado que em até 30 dias seriam sanados as deficiências das salas onde foram montados os setores de compras, financeiro/contabilidade e administração e que os casos de assédios e de desvio de função não iriam mais ocorrer.
A questão de desvio de função foi detectada durante a mudança da sede da secretaria, onde servidores tiveram que carregar caixas com documentos e mobílias do prédio antigo para o atual.
Acordo - Após essa reunião, Adail disse que ficou acertado que em 30 dias todas as questões levantadas no encontro seriam resolvidas. Denise Cury por sua vez disse à imprensa que estava presente e que ficou na frente da secretaria, que ampliar o debate com os servidores era bastante proveitoso. “Eu vim para administrar uma secretaria que estava bastante desorganizada e tem mudanças que precisam ser feitas porque a gente tem obrigação a cumprir com a sociedade”, afirmou. Ela disse ainda que sua intenção era deixar tudo organizado e que funcionários estavam desacostumados com a presença de chefe e que era preciso respeitar a hierarquia. “A grande maioria dos funcionários estão satisfeitos. Há um foco de resistência e eu quero valorizar o servidor de carreira. Agora, respeito é uma via de duas mãos”, disse Denise para a imprensa.
Quando tudo caminhava para um desfecho feliz e bom para todos os lados, eis que a questão ganhou novos rumos. Logo após deixarem a sede da Secretaria o Sindspam recebeu novas denúncias de desvio de função no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO).
Desvio de função – Chegando no CEO os sindicalistas encontraram servidores fazendo serviços braçais transportando caixas com documentos que estavam armazenados no porão. “Isso é desvio de função e autoritarismo. Estava tudo certo na reunião da manhã. Ela (secretária de saúde) se comprometeu em respeitar os servidores, em cumprir os acordos e agora percebemos que nada foi cumprido. Os servidores, que deveriam estar em seus setores atendendo o público, estão aqui fazendo serviço braçal”, desabafou Adail que ainda acrescentou “não está existindo respeito ao servidor, não dá para ter acordo com essa secretária”, completou.
Adail informou que as caixas com os documentos estavam armazenados no meio de venenos de ratos e insetos mortos. “Os servidores não tinham EPI (Equipamento de Proteção Individual). Tinha auxiliar de enfermagem e assessores manuseando documentos sem máscara, sem luvas apropriada”, disse Adail.
Bate –boca - Durante a fiscalização a secretária Denise chegou ao CEO e bateu boca com o advogado do sindicato Luiz Luppi e o diretor da entidade Gilberto Antunes. “A sua obrigação é zelar pelos servidores, a minha pela saúde da população”, disse Denise, com voz bastante alterada. “O senhor quer aparecer? Eu sugiro que o doutor se candidate na próxima eleição”, falou Denise para Luppi.
Diante a afronta os representantes do sindicato acionaram a PM para a elaboração de um boletim de ocorrência de preservação de direito.
Irregularidades - Foi constatado pelo sindicato três situações irregulares: Desvio de função, ao colocar funcionários para transportar as caixas, assédio moral, quando impõe que eles (os funcionários) façam a remoção e uma terceira, que é o perigo de vida, já que eles estavam manuseando material misturado com fezes, urina e veneno para rato.
Prefeitura - Somente por volta das 13h, o procurador-geral do município, Waldomiro Bueno de Oliveira, acompanhado do secretário de Comunicação Luciano Arantes e alguns assessores da Prefeitura chegaram ao CEO para conversar com os servidores e com a secretária Denise Cury.
Waldomiro disse a imprensa que a Prefeitura esta passando por um processo de organização dos prédios públicos. “Vamos nos reunir com o sindicato e encontrar a melhor forma de adequar essa situação. Cabe dizer que os documentos da secretaria são de caráter sigiloso e não são todas as pessoas que podem manuseá-los para não expor pacientes”, esclareceu o procurador.
Uma nova reunião que aconteceria entre Prefeitura e Sindicato na tarde desta quinta-feira foi adiada, não foi definida uma nova data para esse encontro.
Fim do diálogo - O presidente Adail ficou irritado com toda essa situação e desabafou; “Essa secretária é desequilibrada, não tem como dialogar mais com ela. Um acordo foi quebrado minutos após a reunião realizada na secretaria, ela queria que esses servidores que foram ao paço na quinta-feira saíssem da secretaria, isso não vai acontecer, quem tem de sair daqui é ela e não o servidor. Com essa senhora o sindicato não dialoga mais, todas as reclamações que vierem por parte dos servidores da saúde, serão levadas a conhecimento da Justiça do Trabalho, não tem mais como dialogar com essa secretária”, concluiu Adail.