Representante dos funcionários contou que rescisões não foram pagas. Procurada, unidade de saúde ainda não se manifestou sobre os pagamentos.
Ex-funcionários da Casa de Saúde de São Carlos (SP) participaram na terça-feira (29) da sessão na Câmara Municipal e cobraram o posicionamento da empresa sobre o pagamento dos direitos trabalhistas do grupo desligado no último dia 18. Procurado, o hospital ainda não se manifestou sobre o assunto.
Os antigos trabalhadores levaram cartazes pedindo respeito e foram representados na tribuna por Ivani Gonçalves, antiga recepcionista do hospital. Em sua fala, ela agradeceu o vereador Ronaldo Lopes (PT), o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos nas questões jurídicas e do Sindicato dos Comerciários, que distribuiu cestas básicas para alguns dos demitidos, e pediu respostas da unidade de saúde sobre as verbas rescisórias.
"Fomos demitidos sem o último salário do mês trabalhado, fomos impedidos de entrar na empresa por seguranças que estavam nas portas, seguranças que não existiam antes. No dia da demissão, eles foram contratados para interceptar nossa entrada. Nós fomos tratados de uma maneira bastante desumana em um local onde muitos aqui presentes trabalharam por anos. Nós fomos impedidos de entrar, tratados desumanamente, fomos encaminhados a outro local, que era para nós assinarmos a nossa rescisão. Nem pegar os nossos pertences nós pudemos”, disse Ivani.
“Foi uma coisa bastante humilhante porque, há um bom tempo, há esse problema de o hospital trabalhar no vermelho, mas nós sempre estivemos ali. Todos nós aqui presentes vestimos a camisa, trabalhávamos com salários atrasados, com algumas verbas de FGTS que não eram depositadas", completou.
Ivani afirmou que os funcionários não foram procurados pela empresa e estão sem informações sobre o pagamento dos direitos. “Nós não tivemos nenhuma notificação, ninguém nos procurou, ninguém falou nada. Nem sobre o nosso salário do mês. Nós estamos passando por situações vergonhosas, com todas as nossas contas atrasadas, banco, aluguéis, todo mundo na mesma situação”, afirmou. “Como a gente vai ficar nessa situação?”, questionou.
Após o discurso de Ivani, o vereador Walcinyr Bragatto (PV) pediu que a Comissão de Saúde da Câmara acompanhe toda a negociação entre os demitidos e o hospital e Ronaldo Lopes afirmou que vai levar o caso ao Ministério Público do Trabalho.
Direitos
Diretor do departamento jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos, Carlos Freitas explicou ao G1 que o prazo para que a Casa de Saúde pagasse as verbas rescisórias venceu na segunda-feira (28) e que, após esse prazo, a lei prevê o pagamento de um salário extra para cada trabalhador, além dos demais direitos.
“Não pagaram o salário do mês passado e nem as verbas rescisórias, como 13º proporcional, insalubridade”, horas extras, disse Freitas, enfatizando que não houve uma conversa envolvendo empresa e trabalhadores.
“Estamos trabalhando em parceria com o Sindicato da Saúde e não houve tentativa de negociação”, afirmou, completando que as entidades vão buscar o pagamento dos direitos na Justiça.
“Vamos tomar as medidas jurídicas cabíveis, cobrar as verbas rescisórias, o seguro desemprego, a liberação do FGTS para quem tem valores depositados. Muitos deles não têm FGTS depositado, nem conta existe”.