Na quarta-feira, 20 de janeiro, milhares de fãs comemoram o Dia Nacional do Fusca, um dos carros mais importantes e carismáticos da história mundial do automóvel. A Volkswagen também celebra os 70 anos de produção do modelo – o primeiro Volkswagen Tipo 1 – que mais tarde se tornaria conhecido internacionalmente como o Beetle e, no Brasil, como o Fusca. O modelo saiu da linha de produção na Alemanha pouco depois do primeiro Natal após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Fabricado no Brasil de 1959 a 1986 e de 1993 a 1996, o Fusca teve mais de 3 milhões de unidades produzidas, tornando-se um ícone nacional. A combinação de baixo custo de aquisição e manutenção com uma resistência capaz de afrontar os caminhos e condições de uso mais difíceis transformou logo o pequeno Volkswagen em ponta de lança da motorização do Brasil. Mais de uma geração de motoristas brasileiros aprendeu a dirigir em um Fusca e optou por ele ao adquirir seu primeiro carro.
Embora seja nacionalmente conhecido pelo apelido Fusca, o carro também ganhou outras denominações de âmbito regional, como Fuca, no Rio Grande do Sul, e Fuqui, no Paraná. Ao redor do mundo, a semelhança do carro com um besouro levou à consagrada designação como Beetle.
Mundialmente, o Dia do Fusca é comemorado em 22 de junho, data em que Ferdinand Porsche assinou o contrato que deu início ao desenvolvimento e fabricação do Sedan, em 1934.
O início no Pós-Guerra
A marca Volkswagen (nome que significa, em alemão, “carro do povo”) teve a missão de popularizar o automóvel; o Fusca foi concebido, na década de 1930, pelo engenheiro austríaco Ferdinand Porsche. O início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, impediu que a produção do carro começasse, mas durante o conflito a fábrica produziu milhares de veículos militares leves utilizando sua plataforma mecânica, com motor traseiro refrigerado a ar.
O carro atingiria no futuro vendas de mais de 21 milhões de unidades. No final de 1945, porém, apenas 55 veículos haviam sido produzidos. O início da produção em larga escala foi um feito envolvendo grande nível de improvisação. A escassez de materiais prejudicou as operações durante os meses seguintes. Mesmo assim, os primeiros carros eram símbolos visíveis de esperança. Um novo início para a fábrica de automóveis, sob controle britânico.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, apenas 630 unidades do Carro do Povo, conhecido como "KdF-Wagen", haviam sido construídas. A avançada fábrica, no local que se tornaria a atual Wolfsburg, construída especialmente para produzir o veículo, foi integrada à indústria de armamentos da Alemanha durante a guerra, produzindo principalmente materiais militares. O local foi ocupado por soldados americanos em 11 de abril de 1945.
Em junho de 1945, o Governo Militar Britânico assumiu o controle da fábrica, com sua força de trabalho de cerca de seis mil pessoas. Em 22 de agosto de 1945, o recém-designado Oficial Residente Sênior, Major Ivan Hirst, obteve um pedido inicial de 20 mil Sedans, assegurando assim o futuro da fábrica e seus trabalhadores e evitando a ameaça de desativação e desmontagem. Os veículos deveriam ser usados principalmente pelos ocupantes aliados, mas também para prestação de serviços de saúde em áreas rurais. A produção ficou praticamente estagnada em torno de mil veículos mensais durante 1946 e 47. Somente após a reforma monetária de junho de 1948 surgiria um número significativo de compradores privados.
As raízes britânicas da Volkswagen ainda podem ser percebidas na atualidade. Foram os ingleses que converteram a fábrica para a produção civil e focaram na qualidade dos veículos. Eles dedicaram muita atenção aos serviços e à satisfação das necessidades dos clientes, estabelecendo uma rede de concessionários que, já em 1948, cobria todas as três zonas de ocupação ocidentais da Alemanha. O início das exportações, em outubro de 1947, marcou o primeiro passo em direção ao mercado internacional.
As primeiras eleições para o Conselho de Trabalhadores, em novembro de 1945 - apenas seis meses após o final da guerra - introduziram os princípios para a participação democrática dos empregados na fábrica. Quando a empresa Volkswagenwerk GmbH foi repassada para o controle alemão, em outubro de 1949, estava posicionada na pole position para a largada do Milagre Econômico da Alemanha.
O Dr. Manfred Grieger, chefe do Departamento de História Corporativa da Volkswagen Aktiengesellschaft, resume: “A Volkswagen teve muita sorte pelo robusto Sedan ter ajudado o Governo Militar Britânico a levar adiante suas funções administrativas e por Ivan Hirst ter sido o homem certo em seu comando. Seu hábil pragmatismo proporcionou uma visão de futuro para a fábrica e seus trabalhadores, motivando tanto o pessoal militar britânico como os trabalhadores alemães a transformar as precárias instalações numa empresa de sucesso voltada para o mercado. Ele reconheceu as qualidades do Sedan Volkswagen e teve a capacidade de concretiza-las.”
O Fusca foi um fator-chave no desenvolvimento da democracia e da mobilidade na Alemanha do pós-guerra e, subsequentemente, foi acolhido em muitos outros países, atuando como um importante embaixador na promoção de uma imagem positiva para a Alemanha. A produção do Fusca em sua última fábrica, em Puebla, no México, foi descontinuada no final de julho de 2003. Com mais de 21 milhões de unidades produzidas, o Fusca tornou-se um ícone automotivo, amado por muitos milhões de pessoas. Suas formas características são reconhecidas em todos os lugares.
De importado a brasileiro
Os primeiros Volkswagen Sedan, fabricados na Alemanha, chegaram ao Brasil em 1950. Pequeno, com motor traseiro refrigerado a ar e um design totalmente diferente do tradicional à época, quando as ruas eram dominadas por grandes sedãs, o carro chamava a atenção por onde passava. Sua capacidade de transportar até cinco pessoas, baixo consumo de combustível e resistência mecânica logo começaram a conquistar consumidores.
O modelo da Volkswagen começou a ser montado no país, com componentes importados, já em 1953. A produção no Brasil começou em 1959, na primeira fábrica da Volkswagen fora da Alemanha, em São Bernardo do Campo.
A história do Fusca no Brasil tem uma particularidade: o retorno da fabricação em 1993, sete anos após sua paralisação, em 1986. A pedido do então presidente da República, Itamar Franco, o carro voltou a ser produzido, em uma versão movida exclusivamente a etanol, e parou de ser fabricado em 1996.
O Fusca foi o carro mais vendido no Brasil por 24 anos consecutivos, marca que foi superada apenas em 2011, por outro modelo Volkswagen: o Gol, líder do mercado por 27 anos.
Internacionalmente, o Fusca continuou a ser fabricado no México – onde é conhecido como "Vocho" – até 2003.
A tradição renovada: o New Beetle
A imagem do Beetle foi revivida pela Volkswagen em 1998, com o lançamento do New Beetle. Com linhas inspiradas pela versão original e construído sobre uma plataforma moderna, com tração dianteira e motor com refrigeração líquida, o New Beetle conquistou imediatamente um grande número de fãs, alcançando mais de 1 milhão de unidades vendidas até 2010.
Novo Fusca: o mais esportivo
O Novo Fusca chegou ao Brasil em 2012. Com linhas mais esportivas e tendo na dirigibilidade seu ponto alto, o modelo é equipado com o motor 2.0 TSI de 211 cv. O torque máximo, 280 Nm, é atingido já a partir de 1.700 rpm. Com câmbio DSG de dupla embreagem, o Fusca 2.0 TSI tem velocidade máxima de 224 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos.