Dentre os mais de 12 mil condutores da Tocha Olímpica, que passará por mais de 329 cidades brasileiras, Fábio Aurélio, Henrique Nasser, Mônica de Paula e Wanderlei Bagnato são quatro dos principais condutores de nossa querida São Carlos. O evento, que destacará ainda mais o nome da cidade, será realizado no dia 18 de julho, às 10h48, horário previsto para que o comboio de dezoito veículos vindos de Araraquara (SP) entre pela Avenida São Carlos.
Conheça um pouco da trajetória de Fábio Aurélio, Henrique Nasser e Mônica de Paula, talentos do São Carlos Clube (SCC) que, por meio do esporte, conquistaram honrarias, tornaram nossa cidade conhecida e dedicam a ela muito do que têm de melhor. De forma muito simples, são exemplos de pessoas guerreiras e do bem. No pódio, nossos condutores da Tocha Olímpica em São Carlos!
Henrique Sacomano Nasser, advogado e paratleta, campeão brasileiro de natação, nasceu destinado a ser vencedor, e nem mesmo um diagnóstico médico pouco animador na infância o impediu de conquistar todos os seus sonhos no esporte: “Em 1981, fui diagnosticado com uma patologia que atrofia alguns membros do corpo. Acumulei quinze cirurgias ortopédicas e algumas milhares de horas de fisioterapia. Como parte do tratamento médico, ingressei na natação como um reforço ao processo. Mas, muito além da questão da saúde, a natação foi o início de uma nova jornada na minha vida. Em 2007, Ricardo Colombo, então professor e técnico no SCC, acreditou no meu potencial e me convidou para treinar profissionalmente. Não hesitei e aceitei transformar o sonho que eu e minha família víamos na televisão em realidade. Hoje, sou campeão brasileiro de natação e um dos abençoados condutores da Chama Olímpica das Olimpíadas 2016”.
Gratidão – Sempre transbordando bons sentimentos e amor à vida, Nasser é dessas pessoas iluminadas que não perdem tempo com reclamações. Em vez disso, não se cansa de agradecer a todas as pessoas que contribuíram e ainda contribuem para seu crescimento profissional e pessoal: “Me sinto extremamente grato por ser um dos condutores da Tocha Olímpica em São Carlos, pois esse momento também será de coroação e reconhecimento de um trabalho que venho desenvolvendo desde 2006 como paratleta. Representa todo esforço que empreendi nesses anos, que resulta nas minhas conquistas. Minha família, técnico e, em especial, o grande médico Dr. Danilo Masiero (UNIFIESP), que me acompanha desde os onze dias de vida, foram atores decisivos para eu poder carregar o maior símbolo do esporte. Sem eles, nada disso seria possível. Com eles, obtive êxito em todos os reveses da minha patologia”.
Nasser aproveita a ocasião para deixar uma mensagem de esperança à nova geração de esportistas de São Carlos: “Como ressalto em minhas palestras, todos nós somos dotados de inteligência e capacidade física para realizar e consumar qualquer sonho. Hoje existem inúmeras ferramentas e instrumentos para planejarmos e realizarmos todo o processo de construção do que almejamos. A insistência, foco e estratégia são variáveis importantes para a consecução dos nossos sonhos, mas é necessário sairmos do comodismo e deixarmos de ser meros espectadores para sermos os verdadeiros protagonistas de nossas vidas. Afinal, quando decidimos vencer, realizamos feitos de grande notoriedade no mundo”.
Mônica de Paula, ex-zagueira da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, carimbou seu currículo de vencedora ao conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas (Grécia, 2004), tornando-se mais um indiscutível exemplo do potencial feminino no esporte brasileiro. A ótima performance de Mônica nos Jogos Olímpicos conduziu-a à educação. Ao encerrar a carreira, em 2010, a ex-atleta tornou-se professora em escolinhas de futebol menor de São Carlos, nas quais, desde então, treina e revela novos talentos na modalidade. Esse é um trabalho que ela faz com muito amor e dedicação, sempre ressaltando o ideal de igualdade entre homens e mulheres no esporte e na vida.
Mônica também representará São Carlos na condução da Chama Olímpica. Quem não conhece a história da ex-jogadora, pode até pensar que a medalhista teve sorte no esporte, mas nem sequer imagina a determinação de que ela precisou para conquistar seu espaço entre os melhores atletas do mundo. Ela relembra dessa fase com muita emoção: “Meu sonho começou na rua. Eu cresci observando os meninos jogarem futebol na rua da minha casa, nas praças e nas escolinhas. Aos sete anos, eu já queria muito aprender, pois sabia que poderia ser boa nisso, então, passei a jogar futebol com os meninos. Mas, antes de me tornar uma jogadora profissional, fui atleta profissional de atletismo, basquete e voleibol. Apesar do bom desempenho nessas modalidades, o futebol era minha paixão de infância, uma paixão proibida pelos meninos, sociedade e família. Mas eu me preparei e persegui o meu sonho. Então, em 1997, a oportunidade no futebol surgiu, por meio da indicação de amigas que estavam na equipe do Santos. Aos 22 anos, eu já estava jogando profissionalmente no Santos do Pelé, mas foi na equipe do São Paulo que obtive a primeira convocação para a Seleção Brasileira (2000). Permaneci por dez anos na Seleção Brasileira, onde conquistei títulos importantes, como a medalha de prata nas Olimpíadas em Atenas e a medalha de prata na Copa do Mundo, na China (2007)”.
Recompensa – Ciente de sua contribuição para o esporte nacional, Mônica se diz grata pela missão de conduzir a Tocha Olímpica. “O Fogo Olímpico representa essa união entre todos os povos do mundo por meio do esporte. E esse deve ser o espírito dos Jogos Olímpicos – mais uma oportunidade para pensarmos nossa atuação no mundo, o quanto somos parecidos, capacitados e prontos para transformamos nosso país em um lugar melhor para se viver, independente da cultura, gênero ou credo. Como ex-atleta, me sinto recompensada por participar desse momento único na história do nosso esporte nacional. Vou representar São Carlos com muito orgulho”, enfatiza.
Fábio Aurélio, ex-lateral esquerdo da Seleção Brasileira (Olimpíadas de Sidney/Austrália), destacou-se no futebol nacional jogando pelo São Paulo, time no qual sua estrela brilhou e que atraiu olhares de gigantes internacionais do futebol – o espanhol Valência e o inglês Liverpool, que protagonizaram conquistas importantes no futebol europeu, com atuação espetacular do talentoso são-carlense. Mas o que é motivo de orgulho para o país, de maneira alguma afeta esse ícone são-carlense, que, quando indagado sobre quais foram suas maiores glórias na carreira, se lembra da infância nas escolinhas da Prefeitura e do início da carreira no São Carlos Clube. “O sonho de jogar futebol começou nas escolinhas da Prefeitura. Depois, joguei alguns anos no SCC, quando conquistamos um campeonato contra o Rio Branco (time de Americana, SP). Esse título me deu a oportunidade de conseguir um teste no SPFC, onde ingressei com apenas 14 anos. Meu primeiro jogo profissional foi aos 17 anos e, a partir daí, minha carreira decolou de vez: fui vendido ao Valência com 20 anos e lá joguei por seis temporadas. Com 26 anos, me tornei o primeiro brasileiro a jogar no Liverpool, também atuando por seis temporadas”, relembra.
Sentimentos – Fábio Aurélio ganhou o mundo, mas encerrou a carreira no Brasil, no Grêmio de Porto Alegre. Apaixonado pelo país, ainda lamenta um sonho interrompido. “O fato de ter sido convocado duas vezes pela seleção e, por motivos de lesão, não poder defender meu país, algo que fiz em todas as categorias de base, frustraram meu sonho de disputar uma Copa do Mundo. Apesar do desapontamento, acredito que a convocação para a condução da Chama Olímpica seja um forma de agradecimento, por ser um são-carlense que ama o país, que se destacou através do esporte e que levou o nome da cidade mundo afora”.
Sonhos para o futuro – Destaque no futebol europeu, Fábio Aurélio se mostra otimista ao falar sobre os rumos do esporte e do país:
“Eu penso nas crianças, pois, quando pensamos nas crianças, logo pensamos no futuro. O futuro do país e do mundo está nas mãos das crianças, que podem mudar realidades com pequenas ações de grande impacto. Acredito que o esporte seja uma ferramenta de conscientização, por um mundo mais honesto, tolerante e solidário. A inclusão de nossas crianças no esporte é de suma importância para essa realização global. Criança não pode deixar de sonhar nem desistir dos sonhos. Defendo a ideia de que o covarde nunca tenta, o fracassado nunca termina e o vencedor nunca desiste – as crianças sonham e, sonhando, tornam-se adultas e realizam grandes feitos”, finaliza.