A veterinária santista Adriana Frison de Castro, 37 anos, conseguiu garantir, por meio de liminar judicial, acesso a uma substância produzida pelo Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da Universidade de São Paulo (USP). A droga ainda não é regulamentada, mas tem sido usada para tratamento do câncer.
Diagnosticada com um câncer de estômago em outubro do ano passado, Adriana mora atualmente em Bertioga, onde aguarda uma remessa da fosfoetanolamina sintética. Por 20 anos, essa substância foi objeto de estudos coordenados pelo professor da USP Gilberto Orivaldo Chierice, hoje aposentado. A Reportagem não conseguiu contato com o docente.
Esse remédio não tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por isso, o IQSC publicou uma portaria, em junho de 2014, interrompendo sua distribuição e de todos os medicamentos não licenciados pelos órgãos competentes.
Desde então, a procura pelo remédio por vias judiciais aumentou. Somente nos últimos 30 dias, cerca de 700 pessoas que já se tratavam ou queriam iniciar o tratamento com a fosfoetanolamina entraram com pedido de liminar para garantir a continuidade do uso.
A decisão da Vara da Fazenda Pública de São Carlos (SP) favorável à Adriana saiu no dia 22 de setembro. O documento se baseia, dentre outros pontos, no fato de que “há dissertação de mestrado apontando resultados positivos da droga, em animais, na contenção e redução de tumores” e que “há cerca de 800 pessoas fazendo uso da fosfoetanolamina, com relato de melhora nos sintomas”.
“É um medicamento experimental que, muitas vezes, não precisa de registro na Anvisa. E o fornecimento dele é uma situação de vida ou morte”, explica o advogado cível Marcelo Fernandes de Andrade, que representa Adriana no caso.
Alternativa
Adepta de métodos alternativos, Adriana tem tomado Tivallec, um medicamento usado por pacientes para induzir a morte das células cancerosas. “Temos uma conhecida que estava com câncer e foi curada há anos tomando ele”. Este remédio tem registro na Anvisa, mas como suplemento vitamínico.
Evangélica, ela garante que o câncer, que há cerca de um ano já estava espalhado pela região do seu abdômen, está estabilizado. “Quando veio o diagnostico, meu médico me deu um ano e meio de vida. Fiquei oito meses sem fazer nenhum tratamento e, agora, estou tomando este remédio (Tivallec). Tenho fé que estou curada”.
Por enquanto, Adriana só fez três sessões de quimioterapia, segundo ela, “pressionada pelos médicos”. “Sou contra quimio e radioterapia porque esses métodos destroem a gente. Assim que a fosfoetanolamina chegar, vou parar as sessões”.
Para o uso deste remédio, aliás, o paciente não pode fazer quimioterapia. Isto porque a substância age sinalizando as células cancerosas para que o sistema imunológico combata o câncer; mas, se o doente passa por quimio, a defesa do organismo fica comprometida.